Gasolina já acumula mais de 10% em setembro

Estatal alega que a culpa é da tempestade ‘Harvey’ que atingiu os EUA

Jorge Guimarães

A Petrobras anunciou nova elevação nos preços da gasolina em suas refinarias, que passam a acumular alta de mais de 10% em poucos dias de setembro. O motivo, segundo a estatal, é o furacão Harvey, que durante sua passagem fechou refinarias nos Estados Unidos e levou a uma disparada nos valores de referência do combustível, na semana passada.

A empresa disse em comunicado que o novo reajuste foi decidido por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp), convocado quando há necessidade de reajustar os combustíveis em mais de 7% para cima ou para baixo em um único mês.

Aumentos

A Petrobras anunciou ontem alta de 3,3% na gasolina a partir de hoje. Na semana passada a companhia já havia anunciado reajustes de 4,2% e 2,7% para a gasolina. No diesel, o reajuste anunciado nesta segunda-feira foi de 0,1%. Antes o combustível havia subido 0,8% e 4,4%.

— Na última semana, em face dos impactos do furacão Harvey na operação das refinarias, oleodutos e terminais de petróleo e derivados no Golfo do México, os mercados de derivados sofreram variações intensas de preços — disse a Petrobras em nota.

Efeitos

Especialistas do mercado já apontavam que os efeitos do Harvey pressionariam a Petrobras a novos reajustes na gasolina, devido às promessas da companhia de não praticar preços abaixo da paridade internacional.

Os impactos da tempestade nos EUA, no entanto, começam a ser dissipados nesta semana, com refinarias retomando lentamente suas atividades. Os preços de referência da gasolina nos Estados Unidos caíam cerca de 4% nesta segunda-feira para os níveis mais baixos desde 25 de agosto, quando o Harvey atingiu o continente.

— Acredito que no decorrer da semana, com a normalização das refinarias dos EUA, os preços tendem a baixar. Aí fica nossa torcida para que os preços voltem aos registrados antes do Harvey. Mas, se não voltarem, a solução para os consumidores será abastecer com o etanol. Quanto a repassar o aumento, no meu caso, que recebi combustível hoje [ontem], vou trabalhar com o mesmo preço. Mas, se o próximo pedido ainda vier com o aumento, não terei como não repassar — avalia o empresário Alvimar Mourão Neto.

O brasileiro vai continuar a pagar a conta da Petrobras. Isso porque a política de preços para a gasolina e o diesel vendidos nas refinarias às distribuidoras tem como base o preço de paridade de importação, que representa a alternativa de suprimento oferecido pelos principais concorrentes para o mercado.

— Com essa política de mercado, estamos sem ver navios no horizonte. Se dependermos do mercado internacional, com pesquisas realizadas dia a dia, o preço dos combustíveis vai oscilar bastante. Ainda bem que meu veículo é flex — contou o comerciante Sérgio Silva.

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