Funcionários da Copasa paralisam atividades

Matheus Augusto

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) enfrenta um fim de ano turbulento. Após a negociação de um acordo coletivo entre empresa e funcionários falhar, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua-MG) agendou uma greve para hoje. A principal concentração será na sede da empresa, em Belo Horizonte, às 8h.

— Convocamos todos os trabalhadores para cruzarmos os braços neste dia 19 e buscar a retomada do diálogo e entendimento, para chegarmos a um acordo coletivo que respeite nossos direitos e a lei — destacou em nota.

Ao Agora, o assessor do sindicato, Wagner Xavier, contou esperar entre dois e três mil manifestantes na sede da Copasa para a “greve de 24h”. Ele ainda disse que, por volta das 10h, os servidores farão uma caminhada até Ministério Público do Trabalho (MPT-MG).

— E, depois disso, nós vamos analisar qual será a próxima atitude a ser tomada — declarou.

Aderiu

Em Divinópolis, os profissionais também devem aderir à paralisação – ainda em número incerto. Conforme contou à reportagem um dos profissionais da empresa, apenas o setor operacional deve manter parte do efetivo para não prejudicar os serviços prestados à população.

— O setor Administrativo, em sua totalidade, se quiser aderir, pode aderir [à greve]. Mas o operacional vai trabalhar com o quadro reduzido de cerca de 70% — detalhou.

A fonte ainda explicou que a principal demanda é a manutenção da estabilidade de emprego.

— A empresa não quer nos dar a garantia de emprego — destacou.

Demanda

Sobre as reivindicações, o assessor do sindicato esclareceu alguns das pautas de interesse dos funcionários.

— (...) a Copasa apresenta uma proposta que altera a questão da garantia de emprego, a redação possibilita, na avaliação do nosso setor Jurídico, as demissões. E [também estamos insatisfeitos com] a PL [Participação nos Lucros] que reserva 20% para serem distribuídos para 150 altos dirigentes da Copasa, que vai fazer com que eles ganhem de R$ 51 mil a R$ 61 mil — explicou.

Para o sindicato, a atual gestão da Copasa demonstra interesse reduzir o quadro de profissionais e aumentar a distribuição dos lucros para o “alto escalão”.

— É uma nova direção que quer fazer demissões na Copasa e quer concentrar o lucro na alta direção da empresa — destaca Wagner.

Por fim, o assessor declarou que o sindicato deve protocolar nos próximos dias um protesto judicial contra a retirada data-base, na qual patrões e sindicalistas se reúnem para reavaliar o acordo trabalhista coletivo.

Oferta

A última contraproposta apresentada pela Copasa ao sindicato prevê o aumento da distribuição dos lucros aos cargos hierarquicamente mais altos da empresa nos próximos dois anos.

— A PLR [Participação nos Lucros e Resultados] a ser paga em 2020, relativa ao exercício de 2019, será na proporção de 80% linear para todos os trabalhadores que não possuem cargos de gerentes e 20% proporcional aos salários para cargos de gerentes, superintendentes, diretores e assessores, conforme o atingimento de metas e indicadores a serem definidos pelo Conselho de Administração da Copasa. Os valores a serem pagos a partir de 2021 passam a ser de 75% linear e 25% proporcional para os mesmos grupos de trabalhadores citados anteriormente — detalhou.

Ainda no documento, a Copasa prevê o reajuste de 5,07% nos salários, tíquete-alimentação e cesta-alimentação, valor referente ao acumulado de maio de 2018 até abril de 2019 do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

No entanto, a categoria rejeitou, em assembleia, as contrapropostas oferecidas.

Comentários