Frases misóginas são apagadas

 

Maria Tereza Oliveira

Na noite da segunda-feira, 22, o quadro de avisos de uma sala da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), foi pichado com dizeres misóginos, além do desenho de uma suástica (símbolo usado por nazistas). Na manhã de ontem, as pichações já tinham sido removidas.

A foto logo viralizou nas redes sociais e várias pessoas se sentiram assustadas com o conteúdo da pichação. Alunos da instituição imediatamente se posicionaram pedindo que providências sejam tomadas. Professores da Uemg repudiaram o ato.

A assessoria da universidade também se manifestou através de uma nota.

Pichação

O quadro de avisos da sala 513 do bloco 5, há tempos contém provocações futebolísticas, todavia, até então, nada de grave havia sido escrito.

Entretanto, na segunda-feira, o quadro estava cheio de mensagens com discursos de ódio direcionados à mulheres, como por exemplo, “Muié = lixo só serve pra ser comida”.

Além das frases misóginas, também foi pichada uma suástica nazista e provocações futebolísticas. Ainda não se sabe se os escritos foram feitos por um único autor e se há alguma conotação partidária por trás das declarações.

Crime

Além da depredação de patrimônio público, desenhar a suástica é uma infração da lei. Fazer apologia ao nazismo é crime no Brasil, com punição de até dois anos de reclusão.

De acordo com o parágrafo 1º do artigo 20 da Lei 7.716/1989, quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo podem ser punidos com dois anos de prisão.

Uemg

Através de uma nota enviada à imprensa, a diretoria da Uemg Unidade Divinópolis afirmou que repudia qualquer disseminação do ódio e de divisão entre os membros da comunidade acadêmica.

Segundo a nota, a Diretoria Acadêmica  considera que a universidade é um ambiente plural, onde as pessoas devem conviver respeitando a diversidade, e que os debates devem ser conduzidos no âmbito das ideias.

A diretoria afirmou que os fatos estão sendo apurados e, quando identificados, os autores serão punidos de acordo com o regimento da instituição.

Diretório Acadêmico

O Diretório Acadêmico (D.A.) da universidade e a chapa Avante também se manifestaram sobre o ocorrido, através de uma nota. Na publicação, é dito que talvez os responsáveis pelo ato não entendam a carga histórica que uma cruz suástica carrega.

A nota destaca que o Brasil é um país que possui em sua formação diversas origens e que os brasileiros estão longe de serem considerados uma "raça pura".

Ainda de acordo com a nota, as expressões manifestadas vão totalmente contra o conceito de democracia, cujo o entendimento refere-se ao respeito às diferenças, à liberdade de expressão e direito de todos expressarem suas opiniões e posições políticas.

Professores

Diversos professores da instituição se manifestaram sobre o ocorrido, dentre eles, Richardson Pontone, coordenador do curso de publicidade e propaganda.

O professor divulgou em seu perfil no Facebook, uma nota de repúdio ao ato, onde afirma que o curso que coordena repudia os atos de intolerância e espírito antidemocrático ocorridos no interior do espaço de ensino, recentemente divulgadas na mídia local.

A nota diz que, além da intolerância vir na contramão da democracia, cujo palco é o entendimento e respeito às diferenças, as práticas vergonhosas registradas no interior da Uemg não encontram qualquer suporte ou apoio no perfil dos cursos da instituição.

De acordo com o texto, o curso de publicidade é inspirado pelos mais altos valores de respeito, cidadania e educação, pilares fundamentais para a emancipação de um povo e soberania de uma nação.

Alunos

As ofensas foram mais direcionadas às mulheres. Pelos corredores da Uemg, diversas estudantes mostraram descontentamento com o ocorrido.

As alunas também se manifestaram sobre o ocorrido. Milânia Lima, estudante do 10º período de psicologia afirmou ter achado as falas bem agressivas.

— E o mais assustador é por ter vindo de um meio com tanta diversidade, em que há pessoas de vários lugares, com várias culturas. Pensar que um grupo de indivíduos não têm respeito e não estão nem aí para isso é realmente preocupante — destacou.

Para Milânia, fazer esses ataques com tanta facilidade, sem nenhuma preocupação, é de se assustar.

A estudante acredita que a instituição irá investigar o ocorrido e tomar uma medida de punição.

Amanda Pereira, aluna do 8º período de fisioterapia, disse que não esperava acontecer isso.

— Uma universidade é lugar de mentes abertas e pensantes e não se espera ver coisas como essas — apontou.

A estudante disse temer pelo futuro e que atos assim se tornem mais comuns.

 

 

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