Formação humana ganha espaço na educação

 

Marília Mesquita 

Longe do núcleo familiar, por vezes, a escola é o primeiro lugar de convivência social de uma criança. Para a psicóloga Renata Borges, por isso, a instituição de ensino é o campo de inter-relações humanas mais heterogêneo que uma pessoa pode experimentar. 

– Na escola, veiculam-se diferentes valores e posturas. Desta forma, ela pode trazer a educação do ser global. Que amplia a noção do ser humano, pois o educa e o nutri para o desenvolvimento intelectual, emocional e corporal – explica. 

 Educação construtivista  

Em uma instituição educacional, não basta o pátio amplo, a fartura de bancos e a arborização consistente: grandes contribuintes para uma boa conversa entre amigos. E apesar de importante, a relação intraclasse também não é suficiente para a formação de crianças e adolescentes.  

De acordo com Cláudio Paiva, diretor do Colégio Anglo em Divinópolis, o conhecimento não consiste, simplesmente, na transferência de conteúdos e saberes do professor para o aluno. Mas, sim, na capacitação do estudante para que ele possa construir conhecimento a partir da exposição de situações, formulação de hipóteses e de atividades interativas.  

– Desde o ensino infantil até o 3º ano do médio, é importante que se alie o mais moderno da educação, na visão construtivista que assumimos, ao método tradicional.  

Há 19 anos em Divinópolis, para ele, os bons resultados são vistos nos 600 alunos que frequentam a instituição. 

– É importante que, como escola, tenhamos também preocupação com a formação do indivíduo como cidadão. Então, além da formação intelectual e cultural, através de atividades, projetos e da própria rotina escolar visamos à humanidade dos nossos alunos. 

 Experimento social 

 De acordo com o dicionário, honestidade é uma qualidade de preceitos morais. Um dos projetos desenvolvidos junto aos estudantes do Anglo trata desse valor de caráter. 

Cláudio conta que a vida saudável e a honestidade são incentivadas em uma atividade que está sendo desenvolvida desde o primeiro semestre. 

– Para fugir de alimentos industrializados e gordurosos, desde maio, oferecemos no recreio frutas frescas para nossos alunos. É cobrado um valor por porção, no qual um funcionário era responsável por receber o valor e disponibilizar o troco. Porém, desde o mês passado, colocamos uma caixa com moedas para possíveis trocos e é o estudante, que, no uso da consciência dele, irá ou não depositar a quantia referente ao alimento que ele adquiriu – explica.   

O voto de confiança tem sido positivo. O diretor aponta que diariamente o dinheiro da caixa é conferido e o valor condiz com o necessário.  

Família e escola  

Ainda que a escola seja essencial para a formação, a psicóloga Renata aponta que o núcleo familiar é o grande responsável para dar referências sobre educação.   

– O certo é que a família eduque. Isso significa que os pais ou os responsáveis legais são aqueles que devem dar noções de valor, respeito e fazer com que haja a reflexão sobre os atos – pondera. 

Segundo ela, o papel da escola deve ser entendido como escolarização. 

– A instituição é responsável pelo processo sistematizado de construção do conhecimento. A escola é o melhor local para despertar interesses no educando. Para reconhecer as potencialidades dele e buscar a realização – esclarece 

Porém, segundo a psicóloga, quando a escola e a família estabelecem uma parceria para que a educação seja humana, crianças e adolescentes desenvolvem consciência, empatia e respeito pelo outro. 

– A humanização dos alunos envolve a desrobotização do ser humano. É preciso estimular a percepção do diferente e desvincular as crianças e adolescentes de uma vida automatizada – completa. 

 

 

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