Força-tarefa fecha 10º clínica de recuperação em Divinópolis

Rafael Camargos

 

Os trabalhos da força-tarefaliderada Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) continuam em Divinópolis. Ontem, 26, foi fechada mais uma clínica de recuperação, com 22 internas.

A equipe de fiscalização foi até o bairro Jardim Primavera, em Santo Antônio dos Campos (Ermida), e encontraram as pacientes com internação involuntária.
No local, de acordo com os fiscais, havia pessoas com problemas psiquiátricos e sem o tratamento adequado. Além disso, a unidade não tinha licença sanitária.

De acordo com a Semusa, os responsáveis pela clínica ainda tentaram dificultar os trabalhos da fiscalização e desacataram os profissionais. A Secretaria Sobre Drogas, Conselho Tutelar, o Conselho Municipal Antidrogas e a Polícia Militar fazem parte da força-tarefa.

Desde agosto, já são dez comunidades terapêuticas com suas atividades encerradas no município.E mais de 220 internos foram devolvidos para suas casas ou cidades, uma vez que 90% deles, segundo a vigilância, não eram do munícipio.

 

Desumano


De acordo com a diretora de Vigilância em Saúde, Janice Soares, nas clínicas fechadas, foram encontradas diversas situações, como relatos de maus-tratos de internos, que passaram por entrevistas com os psicólogos do Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas (Caps AD), presença excessiva de medicamentos psicotrópicos que servem para fazer as pessoas dormirem, para sedar.

— Todos estes medicamentos estavam sendo usados sem prescrição médica. Encontramos ainda várias pessoas doentes e que não faziam acompanhamento médico. Tinha diabéticos que usavam a mesma seringa; funcionários não administravam a medicação correta nos pacientes, encontramos gestantes sem consulta de pré-natal e tivemos fatos muito graves, estes encaminhamos para a Polícia Civil, que abriu inquérito de morte, suicídio e tortura. Os relatos são chocantes e graves — comentou Janice.

Ainda segundo a diretora, no caso da morte da jovem, a Vigilância tem um Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) lavrado, além de vídeos de internos relatando como ocorreu.

— A equipe da força-tarefa foi até a delegacia para prestar depoimento, e foi aberto um inquérito civil para investigar a morte. Nesta comunidade terapêutica onde ocorreu o fato, vimos muita medicação sem prescrição médica — afirmou.

 

Clínicas fechadas


Em agosto, foi iniciada a força-tarefa para fiscalizar as clínicas de recuperação. Ao todo, já foram vistoriadas 12 comunidades terapêuticas. Apenas duas receberam a liberação para continuar com o trabalho e as outras dez tiveram as atividades suspensas. 

A vigilância faz um laudo concedendo um prazo de sete dias para a regularização da situação. Após o fim do período, um fiscal do setor retorna ao local para fazer acompanhamento. Em caso do não cumprimento da solicitação, a Vigilância lavra uma infração de descumprimento e envia para a Polícia Civil.

 

Tratamento


Os internos em surto ou desestabilizados recebem tratamento na urgência no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS III), até a estabilização e a comunicação da família sobre a situação do paciente. Os internos desestabilizados com problemas relacionados a álcool e drogas passam por avaliação no CAPS-AD e são encaminhados para o tratamento (consultas, terapia, consultas psiquiátricas dentre outros).

 

Investigação


A Câmara de Divinópolis nomeou os integrantes de uma comissão especial criada para apurar denúncias de irregularidades em serviços de assistência social no município. A decisão foi tomada pelo presidente da Casa, Adair Otaviano (PMDB), logo após o pastor Wilson Fernandes Botelho, presidente do projeto social Quero Viver, criticar os resultados da força-tarefa.

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