Filhos e pais: união com paredes pintadas

Maciel Lúcio da Silva - OAB 

Em época de pandemia global, as pessoas passaram a ser mais sensíveis e sinceras: umas, por medo da incerteza, outras, pela essência de sua experiência. 

O filho não tinha tempo de falar com os seus pais, porque o seu tempo era precioso demais para uma “prosa”. Os pais não tinham tempo para seus filhos, porque o trabalho lhes consumia toda a energia e humor da semana.

E os avós? Estes são os pais dos pais, e a eles o medo da incerteza, mesmo com a essência da experiência, se transforma num silêncio que lhes consome toda a energia da vida.

Se o ser humano parar e refletir, verá que as paredes podem ser pintadas todos os dias, sem pressa e sem medo, porque a única certeza que se tem é de que o amor vale a pena.

Filhos e pais se consomem por poucas coisas, e quando se deparam diante de uma situação de pandemia e isolamento social, percebem que a felicidade esteve o tempo todo ali, ao seu alcance. Percebem ainda que esse “stop” foi providencial para uma reflexão de seus papéis, e que existe tempo para se consumir de alegrias e risos junto de quem se ama.

E os avós? Os pais dos pais? Estes já sabiam que essa tempestade chamada urgência é só um raio de fantasia ilusória que levam as pessoas a se distanciarem uma das outras. Eles sabem que o silêncio da pressa é ensurdecedor porque consome a energia essencial chamada vida.

Muito atual a frase “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, porque, de fato, o amor entre os filhos e os pais, e os pais dos pais são fontes de energia. Deve ser vivida hoje como se não houvesse amanhã.

Poderíamos fazer uma pausa para refletir sobre o que é ficar isolado socialmente, somente em casa com seus pais e seus filhos, e certamente se descobriria que há vida além da angústia e da pressa, porque os laços entre eles é forte, lindo e corajoso. É puro e sincero.

A família como base é o berço do futuro.

As paredes pintadas podem ser de qualquer cor. Basta querer ser verdadeiro consigo mesmo, com seus pais e com seus filhos.

A sabedoria não está apenas na experiência de vida, porque se pode ser sábio sem experiência de idade. 

E o amor? Ele é apenas o começo e meio da felicidade porque é o motor que move a alegria de esperar.

Filhos e pais hoje já se conhecem melhor. Ambos desenvolveram o diálogo proporcionado pela pandemia. Desenvolveram a capacidade de declarar o quanto se gostam.

O mundo vive a incerteza de qualquer esperança para quem se entrega ao pessimismo, mas vive de certezas e esperanças de um futuro melhor para todos, porque os filhos e os pais descobriram a importância de uma “prosa”.

Hoje aquele silêncio ensurdecedor não lhes consome a energia da semana ou de uma vida.

Juntos eles descobriram que dias melhores sempre virão e que aquela tempestade chamada urgência era só uma fantasia ilusória que hoje os uniram num convívio maduro, e sabem perfeitamente por que o céu é azul.

 

Maciel Lúcio da Silva – Advogado, presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial e Direitos Humanos da 48ª Subseção da OAB/MG

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