Festa em Cláudio

Os habitantes de Cláudio gostam de referir-se à sua terra como “cidade carinho”. Mas ela poderia ser chamada também de cidade simpatia, cidade alegria, cidade festeira. Porque, de fato, os claudienses acolhem os visitantes com alegre hospitalidade, com simpatia e, sempre que possível, com festa.

Foi o que lá ocorreu, sábado passado. Com orações, almoço e confraternização festejava-se um aniversário. Parentes e amigos prepararam, em segredo (até onde foi possível), a comemoração dos 94 anos da Srª. Georgeta Mitre Amorim. Uma das animadas coordenadoras da festa foi sua sobrinha Shileyne Mitre. A programação começou às dez horas. Na igreja matriz da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, recentemente criada, houve missa em ação de graças. Em seguida, o festivo encontro estendeu-se, bem ao gosto do espírito claudiense, sem hora para terminar. Afinal, era um sábado entre feriado e domingo. Mas quem é a aniversariante capaz de reunir tanta gente, entre filhos, noras, netos e, enfim, centenas de familiares, amigos e admiradores, vindos de vários lugares, para festejar sua data natalícia?

Em janeiro 1912, após viagem de navio que durou um mês, chegava ao Brasil Saúd Jorge Bechelane, bela jovem de apenas 17 anos de idade. Trazida pelos tios, vinha casar-se com o noivo Rachid Mitre. O enlace celebrou-se em fevereiro, na cidade de Oliveira, e o casal foi viver na Vila de Cláudio. A jovem senhora, que agora assinava Saúd Mitre, simpática e carinhosa, conquistou a amizade de todos. Era exímia dona de casa, costureira e bordadeira, além dos dotes culinários. Seu pão árabe tornou-se afamado. A jardinagem era outro dos seus dons; amava as flores.

Porém Saúd possuía ainda uma virtude, que hoje chamaríamos de sensibilidade social. Dispensava generosa atenção aos pobres. Até os membros das pequenas companhias dos circos e parques de diversão, que por lá passavam, eram alvo da sua caridade. Rachid era um empreendedor. Em 1952, fundou a Fundição Libanesa, marco da indústria regional, ainda em atividade.

Nascida em 1925, a menina Georgeta seria um dos frutos desse feliz casamento. Herdou as qualidades dos pais. Tornou-se presença comunicativa e atuante na sociedade claudiense, nas festas, na Igreja, nos desfiles cívicos, no carnaval, nas ações sociais. Casou-se com Antônio Amorim. Os filhos tornaram-se também presenças dinâmicas na cidade. Hoje, viúva, continua sendo uma liderança carismática, admirada e querida.

Alfeu Sábato terminou sua crônica mais recente, na “Folha Claudiense” (outubro, edição XXII, p. 02),  com uma exclamação: “Bença, dona Georgeta!”. Expressava o respeito dos claudienses e de todos que conhecem Dona Georgeta. Sem dúvida, pessoa admirável. [email protected]

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