Fervendo

Fervendo 

O ano começou quente nos grupos de WhatsApp da cidade, especialmente aqueles que têm a participação de políticos. Não muito diferente do ano passado que também terminou assim. No entanto, 2022 está mais intenso. Me arrisco a apontar dois motivos e muita gente vai concordar: férias dos vereadores e ano político. Claro que têm outras demandas envolvendo outros participantes e o debate esquenta, mas sempre pendendo para um lado ou para o outro, raras são as opiniões neutras. Na verdade, já era esperado, ano eleitoral, aqui ou em qualquer lugar deste país, “salve-se quem puder”. Lamentável é que, se filtrar, 1% é realmente de interesse do povo, os outros 99% giram em torno do próprio umbigo. 

 

Assuntos 

O aumento do IPTU e os buracos em diversas vias são a bola da vez nesses grupos. Sobre o imposto, primeiro as pessoas precisam entender o que foi feito para depois comentar ou criticar. O que houve na verdade foi a base de cálculo de acordo com a Planta de Valores, seguindo lei em vigência. A correção foi de 10,42%, correspondente à variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-E), acumulada no período de janeiro a dezembro de 2021. Por aí, já dá para entender que correção é diferente de aumento. Agora, os buracos, ninguém aguenta mais falar, assunto que, aliás, é o preferido na Câmara. Gente, menos. Não dá para fazer “milagre”. Quem anda pelas ruas da cidade vê que o serviço está sendo feito há cerca de um ano, porém, é impossível atender toda a demanda com as chuvas que, tanto no fim do ano passado quanto no início deste, tem sido bem mais intensas. Todos têm o direito de falar e devem exercê-lo, principalmente cobrando dos responsáveis. O problema é fazer muita gente acreditar em informação errada ou equivocada para se promover. Politicagem barata que, em vez de ajudar, prejudica não só os adversários, mas o povo. 

 

Tudo é possível 

E como em ano eleitoral, promete se até milagres, nada é difícil de se prometer e fazer. Bobagem nas redes sociais, mentiras, acusações e por aí vai. Em Minas Gerais, mais precisamente em Belo Horizonte, as ações já começam a brotar. Provavelmente adversários nas eleições de outubro, Alexandre Kalil (PSD) e o governador, Romeu Zema (Novo) adotaram táticas iguais para evitar reajustes de passagens de ônibus. Os dois vão gastar para evitar desgastes com o eleitorado, de olho nas urnas. Kalil deve deixar a Prefeitura em março para disputar o Governo de Minas e, acredite, vai bancar o valor das gratuidades do transporte público municipal. Com a medida, a Prefeitura deve desembolsar R$ 12 milhões por mês para subsidiar as passagens de idosos com mais de 65 anos, pessoas com deficiência e outros. Com a esperteza que lhe é peculiar, alinhou a medida com o Judiciário, mas ainda precisa passar pela Câmara Municipal. Caso aprovada, o que é dado como certo, Kalil ainda terá mais um ganho a seu favor: o preço da passagem pode cair de R$ 4,50 para R$ 4,30. De bobo, ele não tem nada. 

 

Cifra bem maior 

No mesmo barco, Zema, candidato à reeleição, pretende desembolsar quase R$ 100 milhões para evitar que a passagem dos ônibus metropolitanos sofra reajuste neste ano. A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) apresentou inicialmente uma proposta ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) de repassar R$ 8 milhões nos três primeiros meses do ano (total de R$ 24 milhões) para segurar o preço da tarifa em janeiro, fevereiro e março. Subsídio que é semelhante ao da gratuidade das passagens. Caso não houvesse o repasse, o Governo de Minas teria que conceder reajuste de 13% na tarifa. O Sintram pediu 52% de aumento, alegando elevação no preço de insumos e prejuízos durante a pandemia. A proposta sendo aceita, a gestão Zema pretende prorrogá-la até o fim do ano para evitar aumento próximo ao mês das eleições. Assim, o repasse chegaria próximo aos R$ 100 milhões até o fim do ano. Estratégia pensada e cumprida. Alguém duvida? 

 

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