Feriados e dólar baixo estimulam viagens

Tudo caminha para turismo ter um segundo semestre lucrativo

 

 

Jorge Guimarães 

A Organização Mundial do Turismo (OMT) declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a importância do turismo para a distribuição da riqueza proporcionada pelas viagens. O potencial do turismo para o desenvolvimento sustentável é reconhecido pela entidade como um dos principais setores de geração de emprego do mundo. E o ano está propício para que o turismo seja o segmento que mais vai lucrar. 

Diferente da queda no ano passado, em 2017 os brasileiros estão voltando a gastar mais no exterior. A queda do dólar, cotado ontem a R$ 3,20, fez os gastos de brasileiros com viagens internacionais voltarem a subir. Segundo números divulgados na quarta, 21, pelo Banco Central (BC), as despesas de turistas brasileiros no exterior encerraram o primeiro semestre em US$ 8,805 bilhões de dólares, alta de 34,8% em relação aos seis primeiros meses do ano passado (US$ 6,532 bilhões). 

Apenas em junho, mês em que se inicia o verão no Hemisfério Norte, os brasileiros gastaram US$ 1,51 bilhão no exterior. O valor é 10,1% maior que o gasto de US$ 1,372 bilhão registrado em junho de 2016. 

Os gastos de turistas brasileiros no exterior e de turistas estrangeiros no Brasil entram na conta de serviços, que também mede ingressos e saídas do país com serviços de transportes, aluguéis, seguros, telecomunicações e outros. A conta de serviços é um dos itens que compõem as contas externas ou transações correntes, que fecharam o primeiro semestre com superávit de US$ 715 milhões, o melhor resultado para o período em 10 anos, beneficiada pelo superávit recorde de US$ 34,9 bilhões na balança comercial. Os números reforçam os prognósticos da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que calcula o aumento da demanda por viagens entre 8% e 14% para este ano. 

Mudanças de hábitos 

Mesmo assim, com dinheiro contado, os brasileiros buscam alternativas mais econômicas. As malas regressam menos recheadas de compras e a média de duração da viagem diminuiu. Agora, em média, a viagem está durando uma semana, ou mesmo só um feriado prolongado. No entanto, mudanças de hábitos à parte, o fato é que o brasileiro faz de tudo para não abrir mão de um bom passeio. E a tendência favorável do comportamento do dólar acaba pesando a favor da decisão de marcar a data e comprar a viagem. 

– Vislumbrando este segmento internacional e, mesmo interno, preparamos pacotes especiais para este mês de julho e já para o final de ano. Agora, neste mês, a viagem para o Pantanal esgotou-se em poucos dias e já fechamos também o grupo que embarca, na segunda quinzena de agosto, para Campos do Jordão. Para o final de ano, viagem para Buenos Aires; em início de novembro, já está quase lotado; e para o Réveillon em Araxá, acontece a mesma coisa. Isso sem falar em outros pacotes que deverão entrar agora a partir de agosto para os feriados prolongados deste segundo semestre – conta o agente de viagens Antônio Silva. 

Turismo interno 

O segundo semestre chega com três feriados nacionais que caem em dias próximos ao fim de semana. Como todo “bom” brasileiro, as pessoas já estão de olho na folhinha para “emendar” este ou aquele outro. Este cenário é animador para o turismo, que é um importante setor econômico gerador de renda e empregos no país, pois muitas famílias já vêm pesquisando opções de destinos e movimentando as agências. 

— Estamos já com pacotes para o Carnaval, Semana Santa, Corpus Christi e feriado de 1º de Junho. Neste ano, além da tradicional viagem à Pousada do Rio Quente. E lembrando que as praias do Nordeste ainda são os destinos mais procurados, não só no verão, mas ao longo de todo o ano — descreve a empresária Nelma Gontijo, de outra agência de viagens. 

Números 

Viagens nos fins de semana prolongados por feriados que caem na segunda, terça, quinta ou sexta-feira devem injetar R$ 21 bilhões a mais na economia brasileira, ao longo de 2017. A projeção é do Ministério do Turismo, que fez levantamento em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e considerou um acréscimo de 22 dias de folga no calendário, quando 10,5 milhões de viagens deverão ser feitas. 

— Já estou pesquisando preços e pacotes para o Carnaval do ano que vem. Sempre me antecipo para achar preços mais em conta e nos melhores lugares. Recife é meu destino predileto, lá tenho amigos e até saio no “Galo da Madrugada”. Não existe Carnaval melhor no país – revela o comerciário Bruno Santos.  

Na contramão de outros setores que projetam prejuízos com os feriados, como o comércio e a indústria, o Ministério do Turismo acredita que as viagens e o consumo nos dias de folga gerarão renda e emprego no setor. 

Feriados 

O feriado que deve gerar maior impacto é o Dia de Nossa Senhora Aparecida, quando 1,94 milhão de viagens devem movimentar R$ 3,9 bilhões na economia.  

O Carnaval, a Semana Santa, o Natal e o Réveillon foram desconsiderados, porque, via de regra, geram fins de semana prolongados e a ideia da projeção foi levantar qual o valor a ser acrescentado na movimentação econômica nacional este ano. 

 

 

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