Farmacinha opera sem 20% do estoque

Matheus Augusto

Mais uma área na Saúde enfrenta dificuldades. A Farmácia Central, popularmente conhecida com Farmacinha, não possui todos os medicamentos. E o pior: não há nenhuma previsão de normalização do estoque. A situação foi divulgada pelo vereador Delano Santiago (MDB) na última quinta-feira, 31, durante a reunião da Câmara. Ao Agora, a Prefeitura confirmou a situação e deu mais detalhes.

Posicionamento

Segundo a Administração, um número considerável de remédios não está disponível.

— Estamos com cerca de 20% de falta de medicamentos — afirmou.

Durante seu discurso na Câmara, Delano ressaltou que é importante entender a situação antes de apontar os culpados.

— E o problema também não é do secretário de Saúde, não, viu? Porque acham que o Amarildo [Sousa] é o problemático. São verbas de repasses federal e estadual que não chegaram, e aí vira esse caos, essa bola de neve — explicou.

A Prefeitura também confirmou a informação do vereador e disse que a falta de medicamentos é resultado da negligência estadual.

— No caso da insulina Glargina, o Estado só repassou 42% dos frascos referentes ao mês de outubro. Temos problemas também com fornecedores que pediram descredenciamento, e há atraso no repasse da contrapartida financeira do Estado — detalhou.

Para se ter ideia das dificuldades financeiras enfrentadas pela Saúde em Divinópolis, dos cerca de R$ 120 milhões sequestrados pelo Estado – R$ 105 milhões por Fernando Pimentel (PT), e R$ 15 milhões de Romeu Zema (Novo) –, R$ 76 milhões são de recursos com destinos à área.

Ainda de acordo com o órgão, não há previsão para que os medicamentos voltem a ser enviados em quantidade regular, bem como os repasses para a compra.

— Não há uma posição oficial sobre a normalização dos repasses — informou.

Por fim, a Prefeitura ainda declarou que não vê alternativas diante desse cenário. A única opção seria abrir uma licitação para adquirir os medicamentos em falta, mas, devido à demora do processo, não é viável, visto que o remédio poderia ter seu estoque normalizado durante esse período.

— No caso de ter que fazer licitação, do dia que se entrega a solicitação no setor de compras até concluir o processo e o medicamento chegar são, no mínimo, 90 dias — ressaltou.

“Lá não tem nada”

Essa foi uma das frases utilizadas por Delano para descrever a situação da Farmacinha durante seu discurso na Câmara. Segundo ele, a situação é difícil, mas, “na medida do possível, os medicamentos estão sendo repostos, mas não tem todos”.

— O problema da farmacinha não é o horário, são os remédios. Lá não tem nada. Se você chegar lá com um Tylenol, eles pegam o Tylenol da sua mão para dar para outra pessoa. Repito, lá não tem nada, o problema não é o horário. Lá pode ficar aberto por mais duas horas que não tem remédio — ressaltou.

A Farmácia Central, localizada no antigo Restaurante Popular, funciona, desde o último dia 23, apenas das 7h30 às 13h. Após este período até as 15h30, apenas quem já fez a retirada da senha é atendido. Segundo a Prefeitura, “a medida se faz necessária diante da dificuldade para reposição de servidores de acordo com a legislação e o encerramento de três contratos neste setor”.

O órgão ainda informou que todos os cinco guichês estão funcionando normalmente – após as 13h, o número de guichês ativos é reduzido para dois.

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