Fanatismo

Talyta Silva         

“O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.” (Friedrich Nietzsche)

 

Fanatismo (do francês "fanatisme") é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política. É extremamente frequente em paranóides, cuja apaixonada adesão a uma causa pode avizinhar-se do delírio.

O fanatismo é a paixão dos fanáticos, isto é, aquelas pessoas que defendem com garra e de forma desmedida as suas crenças ou opiniões. Os fanáticos (adeptos ou, simplesmente, fãs) também são aqueles que se entusiasmam, se preocupam ou se importam cegamente com algo.  Constitui uma adesão incondicional a uma causa. Essa cegueira que causa a paixão leva os fanáticos a comportarem-se, em certas ocasiões, de forma violenta e irracional. Os fanáticos estão convencidos de que as suas ideias são as melhores e as únicas válidas, pelo que menosprezam as opiniões dos outros.

A falta de racionalidade pode chegar a tal extremo que, por fanatismo, uma pessoa é capaz de matar outra. Quando o fanatismo chega ao poder político, tende a desenvolver todo um sistema para a imposição das suas crenças, castigando os opositores com pena de prisão ou, inclusive, com condenação à morte.

O fanatismo pode ocorrer em diferentes aspectos da vida. Há fanáticos de clubes de futebol ou de cantores e grupos musicais. Também aparece na religião, em que as pessoas não só acreditam que as suas crenças são as únicas válidas, como também perseguem e castigam quem não crê/acredita no mesmo que elas.

A psicologia afirma que o fanatismo surge a partir da necessidade de segurança que sentem as pessoas que são precisamente inseguras. Trata-se de uma espécie de compensação perante um sentimento de inferioridade. Os fanáticos são descritos como indivíduos dotados das seguintes características: agressividade excessiva, preconceitos variados, estreiteza mental, extrema credulidade quanto a um determinado "sistema", ódio, sistema subjetivo de valores, intenso individualismo, demora excessivamente prolongada em determinada situação/circunstância.

Do ponto de vista psicopatológico, todo fanatismo parece ter relação com a fuga da realidade. A crença cega ou irracional parece loucura quando se manifesta em momentos ou situações específicas, porém, se sua inteligência não está afetada, o fanático aparentemente é um sujeito normal.

De um modo geral, o fanático tem uma visão de mundo maniqueísta, cultivando a dicotomia bem/mal, em que o mal reside naquilo e naqueles que contrariam seu modo de pensar, levando-o a adotar condutas irracionais e agressivas que podem, inclusive, chegar a extremos perigosos, como o recurso à violência para impor seu ponto de vista.

Segundo a psicóloga Ana Maria Franqueira, esse sentimento extremado é um distúrbio psicológico e é diagnosticado quando a pessoa age apenas com a emoção, sem usar a razão antes de decidir o que fazer. É difícil para o fanático perceber que passou do limite por conta do traço irracional que prevalece: o radicalismo. Ana Maria afirma que esse é um traço patológico que se desenvolve ao longo do tempo e pode estar ligado a questões de baixa autoestima, falta de identidade. Segundo ela, é uma necessidade de ser melhor. O fanático faz isso se juntando a um grupo.

Quais os sintomas do fanatismo? Personalidade radical, pessoa que mal ouve a opinião do outro, não consegue discutir argumentando com os amigos e sempre usa a emoção para decidir as coisas. As pessoas que possuem os sintomas do fanatismo podem procurar ajuda psicológica.

Como tratar: primeiro a pessoa tem que identificar (pode ser com a ajuda da família ou dos amigos) se a paixão está passando dos limites. Depois, é feito um trabalho para fortalecer a autoimagem e mostrar para o paciente que ele não precisa se unir a um grupo ou usar de violência física para ser aceito.

Talyta Silva é psicóloga cognitiva comportamental

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