Família vive drama a procura de filha desaparecida há 37 dias

Anna Lúcia Silva

Há 37 dias, a família de Karla Gonçalves Borges vive na angústia pela falta de informações sobre seu desaparecimento, ocorrido em Divinópolis, no dia 5 de janeiro de 2019. A Polícia Civil (PC) já abriu inquérito, apura o fato, mas não divulgou nenhuma informação adicional, para que as investigações não sofram prejuízo. Apesar da polícia não apontar até o momento nenhum suspeito, para a família, o companheiro dela é o principal responsável pelo seu desaparecimento.

Luiz Carlos Gonçalves, o pai e Eduarda Vitória, a filha dela, conversaram com a reportagem e relataram todo drama vivido até então e a falta de informações sobre as linhas de investigações policiais sobre o caso. Ao contar sobre o fato, Luiz Carlos revela um trajeto de violência vivenciado pela filha em todo período em que se relacionou com o seu companheiro, que para toda família, é o principal suspeito.

Karla tem 32 anos e é mãe de três filhos com idades de 1 ano e 3 meses, 9 e 15 anos, que moram em Nova Ponte, no Triângulo Mineiro com os avós maternos. Ela morava no bairro Alvorada em Divinópolis desde novembro de 2018 com seu parceiro em uma de muitas tentativas de reconciliação do casal. Mas antes disso, ela protagonizou um longo histórico de perseguição, ameaças e agressões.

Por coincidência ou não, na mesma época em que ela desapareceu neste ano, dia 5 de janeiro, um ano antes, na mesma data, o companheiro que é o pai do filho mais novo de Karla, pegou o bebê de três meses da mãe e só o entregou depois de 20 dias, desnutrido e com fortes assaduras.

— Karla recebeu o pai do filho dela para uma visita em Santo Antônio do Monte, onde ela estava morando com seu então namorado. Enquanto ele estava com o bebê nos braços ela foi até cozinha e quando retornou ele não estava mais lá. Tinha sumido com o menino sem dar nenhuma satisfação. Acionamos a polícia e só depois de 20 dias ele entregou a criança de volta. Ele estava muito magrinho e com muitas assaduras — contou.

A justificativa do companheiro de Karla para ter levado o filho foi de que ele não aceitaria que a criança fosse criada com nenhum homem que ela se envolvesse naquela ocasião.

Agressões constantes

O pai relata ainda que a filha era agredida constantemente pelo companheiro e que ele já chegou a amarrá-la a uma árvore, queimar suas roupas, além de constantemente agredi-la fisicamente e verbalmente,  inclusive no período de gestação.

— Depois de recuperar o filho levado pelo companheiro, Karla voltou para Nova Ponte e já mantinha contato com o homem suspeito. Ele só entregou a criança para Karla depois que ela prometeu que iria voltar com ele. Uma semana depois, ele buscou ela e o bebê em Nova Ponte. Eles tiveram muitas brigas separaram muitas vezes e numa dessas brigas ele agrediu ela, eles separaram e ficaram muito tempo sem contato. Ela foi morar de novo em Nova Ponte e em novembro eles voltaram — revelou o pai.

Como conta a família, os dois permaneceram brigando até a noite do dia 5, quando Karla desapareceu.

 Mesmo ciente da situação, o companheiro não registrou um boletim de ocorrência, tampouco procurou a polícia para informar o fato. Ele só fez isso no dia 7 de janeiro, dois dias depois. Para o pai, isso realça ainda mais o envolvimento dele no desaparecimento da filha.

— Ele só fez isso porque nós imploramos que ele fosse à polícia, já que estávamos todos longe de Divinópolis e não tinha como a gente mesmo registrar a queixa. Depois disso, ele foi lá e fez o boletim informando não ter ideia de onde Karla possa estar — disse Luiz Carlos.

 Material de investigação

Ainda como material de investigação, a família cedeu à polícia vários áudios em que Karla diz que está sendo ameaçada de morte e pede socorro a uma amiga por meio de um aplicativo de celular. No último áudio, ela diz estar aguardando um táxi, que a levaria para Santo Antônio do Monte, na casa da amiga com quem ela conversava.

— Depois desse áudio, ela não falou mais nada. Sumiu e deixou tudo na casa onde estava morando. Desde então, não temos nenhuma notícia e é só isso que queremos, qualquer informação. Pedimos que a polícia tenha atenção com o caso e investigue. Quanto mais o tempo passa, mais dor sentimos e menos esperança resta — finalizou o pai.

O delegado que atua está à frente do caso, Wesley de Castro, disse que a PC trabalha com todos os elementos que tem sobre o caso e, no momento, não pode passar nenhuma informação para não atrapalhar as investigações.

A reportagem tentou por diversas vezes contato com o companheiro de Karla, no entanto, as ligações não foram atendidas. Por este motivo, o nome dele não foi citado na reportagem.

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