Falta muito

Um país é a soma de seu povo, certo? Claro. Certíssimo. Basta olhar para o povo brasileiro e para o Brasil para comprovar. É triste, mas é real: até que a população mude o seu comportamento, o País nunca conseguirá estar entre os de primeiro mundo. Isso exige comprometimento, mudança de pensamento, de atitude, responsabilidade, respeito e muito mais. A “onda” coronavírus está aí para mostrar isso. Bastou Divinópolis ser a primeira cidade de Minas Gerais a ter um caso da doença confirmado para que a população corresse às farmácias em busca de álcool em gel e máscaras. Assim, o povo se esqueceu dos 113 casos suspeitos de dengue, já notificados na cidade.

A dengue, a zika e o chikungunya, que matam milhares de pessoas todos os anos – pelo simples fato de os cidadãos não cuidarem de seus quintais, terrenos, de suas casas –, foram simplesmente deixadas de lado, apesar de serem mais letais. Porque o povo está preocupado com o coronavírus, que tem 893 casos suspeitos registrados (até o fim do dia de ontem). Para se ter uma noção da hipocrisia do povo brasileiro, o Brasil registrou 1.544.987 casos de dengue em 2019, um aumento de 488% em relação a 2018, segundo dados do Ministério da Saúde. Deste total, 782 pessoas morreram em todo o país. No ano passado, o Brasil teve 10.708 registros de zika, com três mortes, e 132.205 ocorrências de chikungunya, com 92 mortes, um aumento, respectivamente, de 52% e 30% em relação a 2018.

De nada adianta correr para as farmácias em busca de máscaras e álcool em gel quando o quintal está lotado de criadouros do mosquito Aedes aegypti. De nada adianta se prevenir do coronavírus quando os casos de dengue, zika e chikungunya continuam aumentando assustadoramente na nossa cara. É preciso mais, muito mais para que o país dê certo. É necessário ter coerência e comprometimento nas ações. Máscara nenhuma é capaz de deter o Aedes aegypti. Álcool em gel nenhum vai parar o mosquito da dengue.

É preciso que o povo abra a sua mente e dê prioridade para o que é real, tem urgência e é necessário. O engajamento da população é necessário para que o Brasil, finalmente ache seu caminho, visto que até hoje vive sob a herança de Portugal. As prefeituras realizam Levantamentos Rápidos de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) a cada três meses, e a situação é a mesma: 90% dos focos estão nos domicílios. E aí, fica a pergunta: de que adianta máscara quando o maior perigo do Brasil está solto nos ares? De que adianta todo este pânico quando um dos maiores inimigos do país pode ser eliminado com uma simples limpeza diária?

Não há dúvidas de que um país é o reflexo de seu povo e de que o brasileiro não está preparado para evoluir.

E a pergunta é: O Brasil chegará algum dia a se tornar uma nação considerada desenvolvida? E o que falta para isso acontecer?

O que não faltam são exemplos, como melhorar a qualidade da educação pública, aumentar a taxa de poupança interna, diminuir a desigualdade que é a 11ª maior entre ricos e pobres no mundo, sem falar no longo caminho que a saúde precisa percorrer para evitar tantas epidemias e mortes no Sistema único de Saúde (SUS).

Será que é preciso pegar na mão e dizer: isso não pode, está errado. Até algo começar a mudar será necessário voltar “três casas” para que o país comece a dar certo.

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