Falta fiscalização

O Brasil vive momentos críticos em todos os sentidos e isso ninguém tem dúvidas. O terreno está incerto, e a sensação é que vai desabar a qualquer momento. Um dos maiores causadores deste momento, sem dúvida, é a falta de consciência geral. O povo não tem noção do que é mais nada. Nada contra a maré para sobreviver e, mesmo assim, a cada eleição escolhe a maioria sanguessugas para lhe representar.  Claro que todo lugar, todo país tem seus grupos divididos, mas que traz algum tipo de retorno. O problema que este não é o caso do Brasil. Dá pra se dizer que são mais grupamentos do que grupos, e pior: radicais que pendem para um lado político ou para o outro. Não para o lado que possa lhe trazer algum retorno. Sempre a tal da vantagem. Ah, essa tira qualquer pessoa do caminho. O tal de: “se eu levo vantagem, vou para o lado A ou B, os outros é que se danem”.  Individualismo presente em todos os meios e que vem trazendo graves consequências em todos os sentidos e setores. O público que o diga. Governos quebrados, maquinário sucateado e pouca expectativa para um futuro próximo. Alguém se habilita a apontar um caminho?  Uma sacode para ver se a população acorda e enxerga o que se passa embaixo do seu nariz? Enquanto isso não ocorre, o jeito é ir em busca de soluções. Uma delas, seriam as privatizações. Muitos nem entendem do que se trata, mas apoiam assim mesmo. Outros são contrários, mesmo sabendo a real necessidade. E assim segue o barco. A privatização nada mais é do que o processo em que uma instituição que integra o setor público é transferida para o privado. Ou seja, uma estatal – empresa criada por meio de lei, que pertence e é controlada pelo governo, como a Copasa e a Cemig – se torna uma pessoa jurídica normal, administrada e de propriedade de pessoas físicas.

No entanto, toda cautela ainda é pouco. Quando a estatal é lucrativa, apesar dos recursos obtidos no momento da privatização, o Estado deixa de receber receitas constantes decorrentes da atividade da empresa. Mas, é claro que, se existe a possibilidade de os serviços privatizados ficarem mais baratos por conta disso, também pode haver o contrário. Sem os subsídios do poder público ou a imposição de condições (como um “teto” nos preços), pode acontecer de o consumidor ter que desembolsar mais dinheiro para comprar o mesmo produto ou serviço após a desestatização.

O assunto é extenso, complexo e deve ser analisado com muito cuidado. O governo de Romeu Zema (Novo) é um exemplo. Vira e mexe, o assunto privatização volta à pauta. Neste momento, a maioria concorda e acha que o caminho, principalmente por eliminar muita gente que está lá por indicação política, ganhando mundo e fundos, e outros concursados que apenas cumprem horário. Porém, a sensação que dá quando um governante anuncia a privatização de uma empresa, e tem outros políticos apoiando – como deputados e vereadores – é que todos falharam no processo. Como a Copasa. Se a empresa gera prejuízos atrás de prejuízos em todas as cidades em que atua, é porque os vereadores não estão exercendo o seu trabalho como devem, e aí é muito fácil defender a privatização, pois fiscalizar a empresa não será mais sua responsabilidade.

É preciso que o povo cobre que os políticos trabalhem para que seja oferecido um serviço público de qualidade, e não pague mais pela incompetência daqueles que deveriam o representar. Porque jogar para o povo uma conta que não é sua é uma modalidade bastante conhecida no Brasil, porque gente (bobo) para pagar é o que não falta. Fiscalizar ninguém quer, mas privatizar...

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