Falta de escada Magirus expõe Divinópolis a risco de tragédias

 Gisele Souto

O incêndio em um prédio na região central de São Paulo, provocado possivelmente por um curto-circuito, onde ainda não há confirmação do número de vítimas, desperta a atenção para uma necessidade antiga em Divinópolis: uma escada Magirus. Apesar de não se ter registros de pessoas ocupando prédios abandonados, mesmo tendo alguns, no Centro e alguns bairros, a cidade é umas das mais verticais de Minas Gerais. E a tendência é que continue crescendo desta forma, tendo em vista vários prédios em construção em diversas regiões do município, especialmente a central.

E esta é apenas uma das situações, já que existem algumas edificações mais antigas, como a que registrou o maior incêndio da história em Divinópolis. A ocorrência foi registrada no Carnaval de 2000, quando um prédio da Ponto Duplo Têxtil, localizado na avenida 21 de Abril com rua Goiás, Centro, ficou em chamas. O fogo foi no terceiro andar, o que dificultou muito o trabalho do Corpo de Bombeiros devido à falta de equipamentos adequados. Foi preciso ajuda de caminhões-pipa cedidos pela Gerdau, já que, apesar de o incêndio ter sido contido ainda no terceiro, prejudicou outros andares e prédios vizinhos.

Caso e descaso

O incêndio de 2000 destruiu todos os materiais que estavam na fábrica e a suspeita na época é de que o fogo tenha começado por causa de um curto-circuito. Mas, de lá para cá, várias ocorrências parecidas foram atendidas pelos Bombeiros, não com a mesma proporção. Nestes 18 anos, já se passaram pelo menos quatros comandos no 10º Batalhão dos Bombeiros, houve várias reivindicações por parte de políticos e de representantes da comunidade, porém uma escada Magirus ou uma similar nunca chegou à cidade. Em sabatina realizada na Câmara Municipal com participação de nove candidatos a deputado estadual, em agosto de 2014, o vereador Edson Sousa, no PTC à época, chegou a afirmar que Divinópolis não tinha representatividade, tendo em vista que nenhum parlamentar tinha destinado uma emenda para a compra da Magirus para os Bombeiros. Mais um mandato termina no fim deste ano, e nada dos R$ 5 milhões, valor de mercado hoje da escada para a aquisição.

Dificuldades e previsão

O incêndio mais recente atendido pelo Corpo de Bombeiros em prédio foi registrado na noite deste domingo, no bairro São José. Uma bomba teria sido jogada no terceiro andar, causando estragos e ferimentos nos moradores. Entre eles, uma mulher que ficou em estado grave e teve de ser levada para o Hospital João XXIII em Belo Horizonte.

A assessoria de comunicação do 10º Batalhão confirma as dificuldades nas atuações, especialmente em prédios mais antigos que não contam com caixa isolada de escada de subir e descer com segurança, o que tem em todos os prédios novos. A situação se complica, conforme informa a assessoria, porque é necessário subir com equipamentos pesados pela escada, tendo em vista que é proibido usar elevadores em casos de incêndio.

Sobre a tão esperada escada que atenderia Divinópolis e outras cidades da região, a assessoria informou que não tem notícias de que exista uma destinação do equipamento para a cidade. Em Belo Horizonte, nenhum departamento dos Bombeiros ouvido pela reportagem, incluindo o de compras de viaturas, soube informar se existe destinação prevista da escada para o 10º Batalhão.

A escada

A assessoria em Divinópolis informou ainda que a única escada Magirus em Minas pertence ao 3º Batalhão dos Bombeiros, situado em Belo Horizonte. Diz que as outras presentes em outros batalhões são similares. A Magirus tem 34 metros de altura, o equivalente a um prédio de 18 andares, do tamanho do Costa Rangel em Divinópolis.

 

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