Extremamente desigual

Editorial

A desigualdade no Brasil é gigantesca, assustadora e covarde. Isso não resta dúvida, o que é destacado por estudos internacionais renomados. Poucos com muito e muitos na miséria. Dura realidade que, entra governo e sai governo, continua como antes. Neste caso, a exemplo de muitos outros, os prejudicados são sempre os menos favorecidos. O que não é diferente com as reformas da Previdência Brasil afora. A nacional, aprovada no ano passado, é um exemplo. A nova Previdência trouxe uma série de modificações, como novas idades de aposentadoria, novo tempo mínimo de contribuição e regras de transição para quem já é segurado.

Classificada como “reestruturação histórica” pelo atual governo federal, promete gerar uma economia de cerca de R$ 800 bilhões aos cofres da União em 10 anos. Ótimo. Precisava muito, até há mais tempo, sob o risco de um colapso financeiro no país sem volta. O problema é que não é para todo mundo. O Judiciário e o Legislativo sempre escapam ilesos. Pelo fato de ganhar pouco é que não émuito pelo contrário.

A reforma da Previdência em Minas Gerais, em andamento, que o diga. Parte do projeto, apresentado em junho pelo governador Romeu Zema (Novo) aos deputados estaduais, recebeu parecer favorável da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa (ALMG) na última semana e já segue para análise em plenário em primeiro turno. E adivinha? Segue praticamente a mesma linha da  nacional, quando se trata de privilégios. Os servidores do Executivo é que serão atingidos em cheia, tirando uma ou duas classes, como parte da Segurança. E pior: trabalhadores que ganham salários que mal dão para sobreviver estão no pacote, ou seja, os considerados baixo clero”, quando o assunto é a questão salarial. Pior anda, não eles têm o que fazer. Estão nas mãos de quem os representa, neste caso, os deputados.

Estes mesmos que pertencem ao “nobre Legislativo” e que continuam lindos e loiros recebendo seus “gordos salários” junto a inúmeras mordomias, incluindo auxílio-moradia, educação, transporte, entre outros. E não pense que esse rendimento se resume a apenas durante seus mandatos. Os valores não são muito diferentes quando a aposentadoria chega. E acredite, a maioria não tem nem um pingo de peso na consciência em continuar recebendo esse dinheiro pago pela pobre, sofrida e abandonada população. Poucos m a dignidade como o deputado federal Domingos Sávio (PSDB), que se aposentou com o salário de veterinário, por ter certeza de que político não é profissão. O que é a mais pura verdade. Se todos agissem assim, com certeza, a população assaltada todos os dias e esse país judiado estariam em bem melhores situações.

E se o Judiciário tivesse menos protetores, algumas vezes, temerosos, por esta ou aquela pendência, ou boa parte achar que é Deus, seria muito menos díspar. Enquanto isso ainda é um sonho, aguardemos a continuidade da reforma da Previdência em Minas, a qual os deputados têm até 30 deste mês para aprovar ou rejeitar. Que a proposta vai passar, apesar de muitas críticas em alguns pontos, como nos das alíquotas, isso vai. Só se espera que a “sobrevivência dos servidores” seja levada em conta.



 

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