Estado esclarece sobre vacinação de adolescentes e dose de reforço
Secretário destacou melhora no cenário e vulnerabilidade de idosos
Matheus Augusto
O cenário da pandemia de covid-19 em Minas Gerais continua estável. Em coletiva ontem, o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, destacou a “tendência geral de queda”. Atualmente, o número de casos e mortes pela doença é inferior ao pico registrado no ano passado ‒ situação positiva, especialmente se levado em consideração o aumento do número de testes disponíveis e realizados.
— Hoje a gente testa muito mais — destacou o secretário.
Diante do cenário, todas as macrorregiões permanecem na onda verde do Minas Consciente.
— Estamos numa situação muito mais tranquila em relação à pandemia — definiu o secretário.
Reforço
Baccheretti ainda destacou o papel crucial da vacinação na queda de internações, especialmente de idosos. No entanto, com boa parcela da população imunizada, as pessoas acima de 60 anos continuam sendo a faixa etária mais predominante entre os óbitos.
— O que chama atenção nos óbitos é que houve uma queda proporcional dos idosos, mas, no momento, (...) entre os vacinados, os idosos formam o grupo mais vulnerável. Por isso, o reforço é a principal estratégia — explicou.
Variantes
Os dados coletados, garante o chefe da pasta, demonstram a eficácia das vacinas não apenas contra a doença, mas também as variantes.
— Mesmo com uma cepa mais infectante, a gama e a delta, as vacinas são eficazes — destacou.
Contra as mutações, as recomendações sanitárias permanecem as mesmas.
— Ainda é necessário o uso de máscara, é a medida de prevenção eficaz contra qualquer variante — recomendou.
O monitoramento da SES-MG apresentado revelou que 56,8% são da delta e 43,2% da gama. Foram feitas 4.146 análises. O recolhimento das amostras ocorreu em 477 municípios.
— As amostras genômicas das variantes delta e gama apontam que a diferença entre elas está cada vez menor. Mas isso não está modificando o cenário assistencial no Estado — citou.
Números
A secretaria destacou que, até o momento, 93,34% dos mineiros receberam a primeira dose e 47,06% as duas. A expectativa é que a cobertura vacinal seja ainda maior devido à demora no envio de dados pelas secretarias municipais.
— Há demora do lançamento de dados. (...) O número de vacinados é maior que isso. Praticamente todos os municípios já chegaram aos 18 anos ou têm doses disponíveis — justificou.
Além da demora do envio das informações, houve, nos últimos dias, inviabilização do sistema, que ficou fora do ar. Devido ao problema, dados se acumularam e a incidência subiu. Não há motivo para preocupação, garantiu Fábio.
— Os hospitais estão mais vazios. Não nos preocupa — citou.
A taxa de incidência da doença caiu 14% nos últimos sete dias. Já as solicitações de internações tiveram queda de 34,6% em quatro semanas.
— Todas as regiões mantêm a tendência de controle da pandemia. A rede de assistência não está sobrecarregada, o que confirma essa melhora contínua. Apenas as macrorregiões Noroeste e Leste vão demandar uma atenção maior, para que seja verificado um possível aumento de casos em função da variante delta — destacou o secretário.
Quem quer, tem
Fábio Baccheretti afirmou ainda que há vacinas disponíveis para todos os adultos em estoque. Quem não se vacinar, será por decisão pessoal.
— Todos os adultos têm vacina disponível, temos CoronaVac em estoque. A vacinação de adultos é uma página virada, não faltam vacinas para esse grupo — destacou.
Agora, o foco do governo estadual está na imunização, com a Pfizer, de adolescentes entre 12 e 17 anos e na aplicação da dose de reforço em idosos e pessoas imunossuprimidas. A previsão é que o processo avance rapidamente, sendo concluído nas próximas duas semanas, até o início de outubro.
No entanto, a aplicação da dose de reforço será contínua.
— Até a primeira quinzena de outubro todo adolescente deve estar vacinado. (...) A cada mês, novos idosos entram no reforço — afirmou Fábio.
Segundo o secretário, no momento, a terceira dose é destinada apenas a quem recebeu a segunda dose da CoronaVac há seis meses. O motivo, explicou, é que, no início, não eram distribuídas vacinas da AstraZeneca, além de o intervalo da marca ser maior, de três meses. Portanto, idosos receberam a segunda dose da AstraZeneca entre junho e julho e devem ganhar o reforço apenas entre novembro e dezembro.
— Apenas em novembro e dezembro eles vão tomar o reforço, por isso, agora é apenas para CoronaVac. Todos os idosos, independente do laboratório, vão tomar o reforço — detalhou.
Adolescentes e crianças
Nesta semana, o Ministério da Saúde voltou atrás e voltou a recomendar a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos. O secretário e médico Fábio Baccheretti se voltou às famílias para afastar a desconfiança sobre os imunizantes para essas idades.
— Adolescentes e mães, o risco de qualquer efeito colateral da vacina é muito pequeno e, se comparado com a vacina, é menor ainda. (...) A vacina é segura e deve ser dada — citou.
Questionado sobre a imunização de crianças, entre 5 e 11 anos, o representante estadual disse que depende da aprovação da Anvisa, mas que estudos iniciais divulgados são promissores.
— Abaixo de 12 anos é questão de tempo. A Pfizer já demonstrou ser segura também em crianças — afirmou, dizendo que, se aprovada, o Estado está preparado para iniciar a imunização deste público.
AstraZeneca
O governo estadual espera que o envio de remessas de vacinas seja estabilizado neste fim de ano. O próximo carregamento do Ministério da Saúde deve chegar ainda neste semana e conter 630 mil doses, sendo 88 mil AstraZeneca e o restante de Pfizer.
Devido à inconsistência do volume, algumas cidades reportaram desabastecimento de AstraZeneca para a segunda dose. Sobre o questionamento, o secretário explicou que o problema é nacional, pois houve queda na previsão de entrega. Outro agravamento foi o otimismo de prefeituras que desrespeitaram orientações de logística.
— Alguns municípios pegaram parte da 2ª dose e vacinaram como 1ª, confiando que a rotina ia acontecer. [Mas] é questão de tempo que se acomode — citou.
Não há perda da eficácia da vacina, se houver demora de até cerca de duas a três semanas, garantiu o secretário estadual.
— Se observar risco, está autorizado de outro laboratório, da Pfizer, para complementar a 2ª dose — justificou.