Esta é a hora

Editorial 

Rivais sempre, inimigos jamais! Frase muito dita, mas pouco colocada em prática no Brasil. Em alguns segmentos da vida, no futebol e, principalmente, na política, a rivalidade chega ao extremo. Realidade triste e que, pelo que vem sendo registrado, não tem nenhuma perspectiva de mudança. A partir do momento em que as discussões saem do campo da lógica e do argumento e vão para as agressões verbais e físicas, a coisa sai do controle. Daí para frente, começam as brigas e muitas vezes chega-se a assassinatos brutais. Situação exemplificada pela execução à queima roupa de um ex-vereador na semana passada. O crime que chocou o país foi no Alto Paranaíba, em Minas Gerais, durante uma live. O pré-candidato fazia a transmissão, denunciando obras da Prefeitura, quando o secretário da pasta chegou ao local e iniciou um bate-boca. Depois vieram as agressões que culminaram no homicídio. Mas por que se chega a este ponto? Qual a necessidade de se partir para a violência? Nervos à flor da pele, intolerância ou certeza da impunidade? Bom, seja o que for, nada justifica. 

Praticada por grupos dominantes, bandidos ou pessoas comuns. Isso não importa. O certo é que deixa cicatrizes profundas.

Por um motivo ou outro, o debate sobre a violência ganha novas proporções quando o foco passa a ser o Estado brasileiro. Mexe e vira, é responsabilizado pelo envolvimento de seus agentes em atos violentos e barbaridades. Lamentavelmente, boa parte faz parte de quadrilhas de criminosos e grupos de extermínio. E, em se tratando de ano político, disputas acirradas e muita gente falando besteira, a preocupação é ainda maior. Já foi dada a largada a estes momentos considerados mais tensos, com o início das propagandas eleitorais. E a pergunta que se faz é: estarão os candidatos cientes e preparados para enfrentar, de agora para frente, o que vier, de forma serena? O problema é que, se depender do que foi visto, mesmo antes do início da corrida eleitoral, pode se afirmar que não. Cenas lamentáveis de bate-bocas nas redes sociais e pessoalmente, agressões idem, difamação, calúnias e perseguição fizeram parte o tempo todo do período que antecedeu o início do processo. Porém o que se espera de todos que estão no páreo é que Divinópolis novamente não seja motivo de críticas e mau exemplo mais uma vez na questão política.

Que o divinopolitano não se sinta envergonhado e, consequentemente, não perca a vontade de ir às urnas. Que os candidatos ‒ nem todos é claro ‒ entendam de uma vez por todas que a política não é ruim, são alguns que insistem em ser políticos sem nenhuma capacidade que a fazem desacreditada e violenta. Que entendam que, para ocupar um cargo público e representar a população, não basta querer, é preciso, sobretudo, ser, e não querer levar vantagem em qualquer situação. Que olhar somente para o umbigo não basta, o horizonte é gigantesco. Os anseios do povo maior ainda.

Que é necessário buscar as articulações e mediações internas e, especialmente, compreender alguns dos acontecimentos centrais não apenas do seu meio, mas da sociedade em geral. Do contrário, serão meros figurantes em um processo já corrompido e com chances reais de mergulhar em um abismo tão profundo que nada e ninguém será capaz de resgatar. Que tal aproveitar o momento nunca visto para pensar e agir diferente? Quem sabe essa pandemia e suas consequências vieram de forma proposital para, quem sabe, dar um “chega para lá” nestas práticas intoleráveis e nefastas? Por que não? Afinal, cair e dar conta de se reerguer é para poucos, ou melhor, para os escolhidos. Cabe a você, candidato, descobrir se é um destes. E a você, eleitor, descobrir quem é quem neste jogo difícil, com um time quase inteiro de “pernas de pau”, mas tem sempre uns quatro que carregam a equipe nas costas e levam a vitória. 

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