Especial: Homenagem a Divinópolis em 100 crônicas

 

Gisele Souto  

Revelar aos mais novos, admiradores da história e, principalmente aos apaixonados por Divinópolis, como ela, um pouco do que foi esta cidade centenária. Este foi o motivo que levou a professora Lúcia Rodrigues a lançar um livro com 100 crônicas retratando casos inéditos e curiosos da “Princesa do Oeste”, como é carinhosamente chamada Divinópolis por muitos nativos e outros que vieram de fora, mas a escolheram como sua cidade. Os relatos são os mais diversos; alguns desconhecidos por muita gente. Tem a “Barraquinhas da Matriz”, hoje Catedral, na praça, passando pelo Desfile de 1º de Junho; “A Promessa”, primeira turma do Tiro de Guerra; “Professores”, esta relembrando Dona Veneza, professora que teve época marcante na cidade, conhecida, segundo a autora, por todos os moradores da época. Isso há cerca de 60 anos.  

‘Velho do Porto’ 

Divinópolis ainda era pouco habitada e sua parte urbana era recheada de fazendas e sítios. O Itapecerica tinha água limpa e muitos peixes, além de servir de ponto de refresco para muitos frequentadores. Algumas mulheres lavavam roupas em sua margem e, naquela época, dava gosto chamá-lo de rio, conforme dizem os mais antigos. Foi naquele período que o avô de Lúcia Rodrigues Camilo Vilela da Fonseca, o qual os netos chamavam carinhosamente de “Dinho Camilo”, ficou bastante conhecido. Ele foi o primeiro morador do hoje bairro Porto Velho, em um sítio no topo da localidade, cheio de árvores e uma mata ainda intocável, onde hoje é o estádio do Guarani. 

Dinho Camilo tinha uma canoa e atravessava pessoas de uma margem a outra do rio, ainda com grande profundidade, até onde hoje é a região central da cidade. O lado do Centro, segundo a autora, também era lindo e tomado por uma mata verde. Ainda sem ponte ou viadutos, era a Dinho Camilo que as pessoas recorriam quando, por exemplo, queriam cortar caminho rumo ao bairro Niterói. Transportou em sua canoa nomes importantes e respeitados, como o frei Orlando.  

As pessoas o chamavam carinhosamente de “Velho do Porto”, daí a origem do bairro Porto Velho.  

O incêndio 

Outra história que marca o livro de Lúcia Rodrigues é o incêndio na Escola Estadual Monsenhor Domingos, na praça do Santuário, onde está até hoje. Um curto-circuito causou um incêndio de grandes proporções. As chamas se alastraram por partes do prédio que tinham o piso de madeira e muito papel e lixo do mesmo material, guardados no segundo pavimento. Todos trabalhavam no local e os alunos assistiam aula no momento.  A sorte, segundo a escritora, é que os alunos foram entretidos por funcionários e educadores, não perceberam o perigo, desceram as escadas e foram abrigados na praça. Ela conta que ninguém ficou ferido e, desde essa época, a escola só tem um pavimento. O incêndio destruiu o segundo. Sobre essa ocorrência, a autora conta que não foi registrada na história da cidade, mas merece ir para o Museu, para que todos saibam o ocorrido no dia 25 de agosto de 1977. 

O livro  

A ideia de lançar o livro “Favos de Mel”, de acordo com Lúcia Rodrigues, além de homenagear Divinópolis pelos seus 100 anos, surgiu porque ela tinha um amigo divinopolitano que morava em Cingapura e ele sempre queria saber notícias da cidade e seu desenvolvimento. Começou então a escrever para ele. Não tinha esta meta, já que sua especialidade é matemática e não português, mas se apaixonou pela ideia e topou o desafio, tendo seu marido como grande incentivador e seu amigo Osvaldo André de Mello como instrutor, tanto que editou seu livro. 

— Comecei a escrever, inclusive meu marido fez o prefácio. Morreu antes, mas mantive ipsis litteris para homenageá-lo. Conversei com Osvaldo, o qual considero meu mestre, ele me perguntou se eu queria fazer parte da Biblioteca Memorial de Divinópolis. Fiquei feliz, usamos todas as crônicas publicadas no jornal Agora aos domingos e assim foi. 

O livro foi publicado em 2013, no aniversário da cidade, e Lúcia Rodrigues já trabalha no segundo.  

 

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