Escudo Facial

Antônio de Oliveira

De repente, não mais que de repente... Tudo mudou. O abraço físico perdeu sua razão de ser. Mais: ficou proibido. Fica proibido estar a menos de um metro e meio de distância, uma pessoa da outra. Não se aproxime nem de sua mãe: Mãe, tenha distância. Bandido que se preze não mais usa máscara. Foi-se o tempo desse disfarce para assaltantes de banco nos faroestes. A moda hoje, para bandido, é o capuz. Assaltar, encapuzado, a quem lhe usurpou o uso privativo da máscara de assaltante.

Baile de carnaval. Baile de máscara. Arlequim chorava pelo amor da Colombina no meio da multidão. Máscaras da commedia dell’arte. Pierrot apaixonado te abraçava e te beijava, na mesma máscara negra. Isso foi no carnaval que passou. Agora, só on-line. No gênero dramático, as máscaras fundamentais do teatro grego, a da tragédia e a da comédia, giram em torno do culto a Dionísio, deus grego dos ciclos vitais, da alegria e do vinho. Baco, para os romanos.

Para o CPF, quando se pretende ocultá-lo, usa-se uma espécie de máscara: xxx xxx xxx xx, na qual cada x representa um algarismo. Estrelinhas mascaram uma senha de tantos dígitos: ****** Abracadabra!... Abre-te, Sésamo!

Máscara sempre teve o sentido de disfarce, de ocultação. Em certos casos, como máscara de soldador, máscara contra gases, máscara respiratória, proteção para lidar no meio de abelhas, cobrir boca e nariz de médicos e dentistas e pessoal de enfermagem, em gabinetes ou salas de cirurgia, berçários etc. para filtrar, purificar o ar ou evitar contaminação. 

Em informática, máscara é uma palavra-filtro, formada por caracteres e criptografias para localizar informações. Token, sinalizador, é um dispositivo eletrônico com o display (visor) que exibe caracteres (números e/ou letras), de forma aleatória. 

Devido à pandemia, todo o mundo teve que passar a usar máscara. Já não mais se pode chamar de mascarado, indistintamente, um indivíduo dissimulado, falso, hipócrita. Máscara virou acessório dos mortais.

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