Escolhas erradas e seus desastres

Editorial 

Ano complicado em todos os sentidos, 2020 tem mais uma agravante: é ano eleitoral. Como se não bastasse, Divinópolis tem um diferencial: vai repetir o mesmo erro de processos eleitorais municipais anteriores, que é o exagero na quantidade de candidatos. É problema atrás de problema, mas que não servem de aprendizado para quem vê no poder a forma de se dar bem na vida. É aí que entra a parte mais importante em todo o processo: o eleitor. Em se tratando de Câmara Municipal, não tem o que reclamar dele nas últimas eleições. A maioria, insatisfeita com a atuação dos vereadores, passou o facão sem dó e derrubou 12 dos 17.

A renovação foi significativa, porém não serviu de base para quem ficou e também para quem entrou. Os mesmos erros foram e continuam sendo cometidos, e pioraram em algumas situações. Isso não é o Agora quem está afirmando, são alguns dos próprios ocupantes das cadeiras nesta legislatura, considerada uma das piores da história de Divinópolis.

E os gritos em busca de melhora não vêm somente de lá, mas das ruas e das redes sociais. Sinal de que há uma insatisfação generalizada que pode provocar uma mudança ainda mais brusca em novembro, mês das eleições. E quem está reclamando e exigindo está coberto de razão, afinal, os escolhidos por eles estão lá para representá-los, e podem tirar quando achar que deve. Os 17 não são vereadores, isso não é profissão, estão vereadores. Se a função não vem sendo bem desempenhada, a troca é a solução. Se não deu certo na primeira vez, não significa que não dará na segunda.  

E o caminho é por aí, sim. Pois existem determinados erros na vida pelos quais se paga muito caro. E Divinópolis vem pagando um preço muito alto em todos os sentidos. Isso até uma pessoa totalmente desligada do mundo percebe. 

Todas as escolhas e atitudes geram consequências direta ou indiretamente, conscientes ou não. 

Não se pode e nem se tolera mais transferir nossas responsabilidades para os outros, culpando a terceiros por tudo estar fora de controle. É urgente parar de achar que se é vítima e entender que são as escolhas que fazem toda a diferença em busca da superação dos erros. 

O projeto do Executivo analisado pelos vereadores ontem na Câmara em reunião extraordinária é um ótimo exemplo. Em algum momento, alguém pensou que os vereadores iriam votar a favor de um projeto amplamente rejeitado por entidades sindicais e pela população? Se alguma pessoa tinha esta expectativa, está na hora de rever seus conceitos. Ninguém vai indispor com eleitorado em ano de eleições, nem que ele seja o melhor amigo do prefeito, do governador ou de quem quer que seja. Uma prova disso é a mensagem modificativa enviada pelo Executivo, estabelecendo a suspensão dos repasses ao Diviprev, ter sido rejeitada ontem por unanimidade (16 votos contrários). 

Os vereadores afirmam ter manifestado preocupação com as contas públicas e a posição contrária dos servidores e sindicatos. Será que foi só isso? Imagine a falta que estes votos fariam nas urnas para quem pretende seguir no poder. Não que a aprovação não iria comprometer a atuação do próximo prefeito, isso é fato, mas o oportunismo é visível. O estrago maior, sem dúvida, será para o Executivo e para quem está à sua frente. Os pontos na visão de quem não enxerga o jogo de interesses vão para o Legislativo. 

Neste sentido, vale reafirmar que as consequências seguem as escolhas. Portanto, as escolhas precisam ser para lá de certas, pois as sequelas certamente virão.

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