Errou o alvo

Errou o alvo

Josafá Anderson (CDN) errou o alvo ao acusar o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) de “selecionar paciente Sistema Único de Saúde (SUS)”. Até analisou corretamente, ao declarar que o motivo do caos na saúde “é a falta de assistência básica nos postos, que não têm médicos. Em alguns, faltam dois, com tendência a piorar”. Qualificou como “berrante” a falta de apoio do Estado. Mas a verdade é que o CSSJD é outra vítima da incompetência do Estado em prover leitos para atender aos pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto.

Explico:

Todos os dias chegam à UPA pacientes das 54 cidades que integram a macrorregião da Superintendência Regional de Saúde (SRS) Divinópolis. Os médicos estabilizam os pacientes de média e alta complexidade, mas eles ficam nos corredores, à espera de que o Estado providencie leitos para a  internação. Ora, na maioria das cidades que compõem a Macrorregião há hospitais que recebem verbas do SUS e não são resolutivos. Suas políticas de saúde pública se limitam a enviar para Divinópolis seus pacientes. E é o São João de Deus que acaba por absorver a maioria desses pacientes estabilizados pela UPA. Portanto, quem restringe o atendimento aos pacientes no hospital é o Estado, que não providencia leitos, e o prefeito, que não consegue médicos para o básico, nos postos. Por último, até os vereadores, que criticam o hospital, pois não tomam qualquer medida diante do Governo Zema (Novo), visando a questionar por que hospitais da Macrorregião não atendem nem mesmo os pacientes de baixa complexidade, optando por encaminhá-los a Divinópolis.

Entender para criticar

A busca do discurso fácil, irresponsável, tem permeado as denúncias de alguns vereadores na Tribuna da Câmara. A acusação do vereador Josafá Anderson ao São João de Deus pode estar entre esses discursos. Em nota, o Complexo de Saúde explicou que o sistema é de responsabilidade do Estado, cabendo ao hospital apenas informar quantos leitos estão disponíveis. Tal comunicação fortalece meu ponto de vista de que o edil errou o alvo: o culpado é o Estado. Aliviaria bastante a crise na saúde pública local e desafogaria a porta de entrada da UPA e consequentemente o CSSJD a providência de conter, pelos meios possíveis e justos, o encaminhamento de pacientes de baixa complexidade para Divinópolis, caso não sejam justificáveis as razões porque os hospitais das 54 cidades da macrorregião não tratam esses pacientes nos seus municípios.

Nem lucro nem prejuízo

O vereador Adair Otaviano (MDB), ao endossar as denúncias feitas pelo seu par, Josafá Anderson, declarou: “o hospital não tem que dar lucro”. Nem prejuízo, eu acrescentaria. De fato, o hospital São João de Deus “foi criado para atender os pobres”, como afirmou o parlamentar emedebista.

Mas, para tanto, precisa de lucro, de resultado positivo, inclusive para sua manutenção e realização dos investimentos de que necessita, como explica a nota da direção. Tanto o CSSJD quanto a UPA são heróis e vítimas dentro desse debate. E os vereadores têm que “arregaçar” as mangas, cobrando do governador Romeu Zema e dos deputados aliados que providenciem mais leitos, para atender às demandas da UPA.

Profissões sem futuro

A deputada federal Caroline De Toni (PSL) protocolou o Projeto de Lei 4.916/19 para permitir o funcionamento de bombas de autosserviço, operadas pelo próprio consumidor, nos postos de combustíveis. Tem sido assim desde a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII. A tecnologia acaba extinguindo algumas profissões, fadadas à extinção:

- Frentista de posto de gasolina;

- Trocador de ônibus (por meio do cartão eletrônico);

- Ascensorista (tornou-se raro com os elevadores modernos);

- Árbitro (novas tecnologias, como o Vídeo Assistant Referee [VAR], que ajuda o árbitro central, no campo de jogo, a tomar decisão em lances considerados duvidosos, serão incorporadas aos esportes, a fim de facilitar a apuração dos resultados nas partidas de futebol, vôlei, basquete, entre outras modalidades. Com isso, a profissão de árbitro poderá ser extinta).

Entre outras profissões!

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