Equilíbrio, igualdade e equidade

Ellen Ariadne Mendes Lima

O mês de março é tradicionalmente dedicado às MULHERES, e tal intenção se deve ao chamado Dia Internacional da Mulher, celebrado e oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975.

Muito além da celebração dessa data, março é considerado ainda um mês de reflexões pelos direitos das mulheres e chamada para ações que possam realizar a real inclusão e participação mais efetiva do gênero feminino na sociedade.

São tantas as lutas, e muito ainda há que ser conquistado. Na advocacia não é diferente!  Precisamos que nossas lutas não sejam esquecidas, que as datas que nos representam não sejam diminuídas, que nossos intentos sejam reconhecidos.

Nos últimos anos vários termos foram incorporados ao vocabulário feminino e resolvi aqui esclarecer e destacar a importância deles, pois vejo muitas pessoas que não sabem o que é sororidade e empoderamento.

 A ideia de que o empoderamento feminino é querer tirar o espaço de homens é equivocada. O real significado de “empoderamento feminino” está ligado a uma consciência coletiva por parte das mulheres, tecendo ações para que não se deixem ser inferiorizadas pelo seu gênero e tomem atitudes que vão contra o machismo imposto pela sociedade.

 Por outro lado, a vivência feminina já é sinônimo de poder, e acredito que a maioria concorda, pois as mulheres seguem, ao longo dos anos, com lutas e vitórias.

A pandemia demonstrou não só uma ameaça à saúde pública, mas também à saúde e à sobrevivência das mulheres, sobretudo em âmbito doméstico. Dados estatísticos demonstram o número assustador de casos de violência contra as mulheres que ocorreram no último ano.  Estudos indicam e apontam o empoderamento feminino como a saída para o rompimento do ciclo da violência doméstica. 

Já a sororidade vem do latim sóror, que significa “irmãs”, mas, para mim, a sororidade diz muito mais sobre respeito, do que irmandade. 

O conceito dado pela Escola Educação é o mais perfeito, em que: “Sororidade é a ideia de solidariedade entre mulheres, que se apoiam para conquistar a liberdade e a igualdade que desejam. É respeitar, ouvir e dar voz umas às outras sem julgamentos”.  

A importância da sororidade se deve ao fato de que um dos estereótipos de gênero que foi construído para as mulheres é o comportamento de rivalidade, isto é, o entendimento de que as mulheres estão constantemente competindo umas com as outras.

Assim, a sororidade parte do princípio que, juntas, as mulheres poderiam ter mais conquistas, seja uma incentivando, apoiando ou só deixando de julgar a outra, ou seja, desenvolver a união, com respeito às diferenças (modo de ser, vestir, pensar etc).

No resumo dessa retórica, os termos “empoderamento” ou “sororidade” querem dizer ou significam, então, que iremos excluir os homens e lutar contra eles? A resposta é não!

O que queremos e o que buscamos é tão somente o fim das desigualdades e opressões históricas ainda existentes na nossa sociedade, para que todas (e todos) possam alcançar seu potencial máximo. É com o reconhecimento das desigualdades existentes entre os gêneros que asseguramos o tratamento desigual aos desiguais (equidade) na busca da igualdade e, assim, teremos o equilíbrio, para uma sociedade mais justa e fraterna.

 

Ellen Ariadne Mendes Lima – Advogada e vice-presidente da 48ª Subseção da OAB/MG em Divinópolis. E-mail: [email protected]

 



Comentários