Entrevista: Divinópolis merece ter mais atenção; diz Geraldo Alckmin

Da Redação

O candidato do PSDB à Presidência da República concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Agora e fala sobre seus planos para o Brasil e para Divinópolis. Prometeu colocar para funcionar o Hospital Divino Espírito Santo, visando resolver o problema da falta de leitos e elogiou a cidade e sua diversidade na economia regional: “Divinópolis merece todo o estímulo que qualquer governo puder dar e mais um pouco.”

AGORA: Muitos políticos, especialmente nos governos do PSDB, prometeram que Divinópolis teria um hospital público. Ficou na promessa, pelo menos até agora. O prédio está pronto, construído pelo Estado na gestão de Anastasia, mas não funciona, está fechado. A carência de leitos do SUS na região é enorme. Como isso pode ser resolvido?

GA: Nos meus governos em São Paulo inauguramos 11 hospitais. Isso significa construir, equipar e pôr para funcionar. Além de atender 60% da população paulista que depende do SUS, a cada 30 minutos a rede de saúde do estado acolhe a internação de um paciente de outra região. Nos hospitais paulistas são realizados mais de 30% dos atendimentos de urgência e 35% dos transplantes do país. Eu sou médico, é meu dever fazer a saúde funcionar no Brasil. É meu compromisso com Divinópolis terminar, equipar e fazer funcionar o Hospital Público Divino Espírito Santo. A cidade tem um curso de Medicina na Universidade Federal que precisa de um hospital-escola e quero integrar as duas coisas. Tem mais: grande parte do atendimento no nosso país e feito por entidades filantrópicas, como as Santas Casas, as Beneficências e esse é o caso do São João de Deus, um hospital importantíssimo para a região Centro-Oeste de Minas Gerais. Por isso, precisamos corrigir a tabela do SUS, na qual vários procedimentos estão com os valores muito defasados e ter um mecanismo permanente de apoio a essas instituições tão importantes.

Os brasileiros estão horrorizados com a violência. Cidades que sempre foram pacatas, inclusive aqui na região, serem atacadas por bandos que explodem bancos, fazem vítimas inocentes e nada parece resolver isso. Qual é a sua proposta para esse grave problema?

Pode ter certeza que não é liberando armas para todo mundo que se vai resolver o problema. No campo sim, nós vamos flexibilizar o porte de arma porque fica longe, isolado. Veja: a política de segurança de São Paulo é um exemplo. Tínhamos, em 2001, 13 mil assassinatos por ano. Reduzimos, no ano passado, para 3.503. Isso dá uma média de 8,02 homicídios por 100 mil habitantes, uma taxa mais baixa que a de Miami, nos EUA. O problema do Brasil é tráfico de droga e tráfico de armas. Os estados estão enxugando gelo. O papel do Governo Federal no combate ao crime precisa aumentar. Defendemos a criação de uma Agência Nacional de Inteligência, integrando Polícia Federal, Rodoviária Federal, Forças Armadas, Abin e as polícias estaduais, agindo com inteligência, informação e diplomacia. Pretendo promover uma legislação federal para dar suporte ao novo Sistema Único de Segurança Pública. Eu vou acabar com saidinha da cadeia a toda hora, vou endurecer as penas. E vamos criar uma meta nacional e um sistema nacional de informação capaz de monitorar o cumprimento dos mandados de prisão por homicídio e roubo pelas polícias estaduais. É preciso que se construa um sistema federal integrado com os Estados que permita acompanhar os pontos críticos desse processo. Além disso, os municípios precisam também participar e ter meios para isso. Temos que aumentar a participação dos governos locais no combate à criminalidade. Prefeituras estão mais próximas da população e podem agir diretamente reduzindo a violência local. Diversas experiências no mundo mostram a eficiência desra estratégia no combate à criminalidade. O país também precisa de uma Guarda Nacional, formada com o aproveitamento daqueles que saem do serviço militar, que poderão, em caráter voluntário, alistar-se nessa Guarda, continuando a formação militar com foco na área de segurança pública.Vamos propor uma legislação que permita ao egresso ficar de 2 a 4 anos colaborando com as polícias, para que elas possam agir menos nas atividades-meio e mais diretamente no enfrentamento ao crime. A implementação da Guarda Nacional será feita de forma progressiva, com instalações regionais e ocupando, inicialmente, instalações das Forças Armadas e sob sua jurisdição. 

Nosso aeroporto está com os voos comerciais suspensos por falta de equipamentos e de capacidade administrativa. Como isso pode ser resolvido?

 Uma cidade como Divinópolis, com a importância que tem, não pode ficar sem voos comerciais. Aliás, estudando sobre a cidade nos últimos tempos, fiquei impressionado: é um polo universitário, de serviços, confecções, indústria do aço e fundições, uma capital de uma região com produção de frangos, móveis, cerâmicas, fundição e tanto mais... quem dera o Brasil todo tivesse essa diversidade econômica. Divinópolis merece todo o estímulo que qualquer governo puder dar e mais um pouco. Mas, voltando à questão dos voos, hoje o aeroporto é indutor do desenvolvimento. Se o uso dele for diversificado, ele fica cada vez mais viável. O transporte de pequenas cargas de alto valor agregado, como componentes eletrônicos e medicamentos, é comum. Divinópolis terá voos comerciais e também dessas cargas em meu governo, porque esse é perfil que precisamos dar aos aeroportos regionais das cidades importantes do Brasil, como é o caso. 

O governo do Estado não tem repassado o valor devido por lei aos municípios. O que o senhor diria aos prefeitos mineiros, angustiados com a situação de suas prefeituras?

 Fico cada vez mais espantado com as notícias que recebo sobre o governo estadual e a situação das finanças públicas. Começou com o atraso e o parcelamento do salário do funcionalismo e dos aposentados. Depois, atrasos a fornecedores, obras paralisadas, veículos comprados e, em seguida, devolvidos por falta de pagamento e outras péssimas notícias. É crueldade deixar sem dinheiro quem precisa honrar os encargos da vida, gente correta que sempre serviu ao povo e hoje se acha em situação de penúria. Que o digam os prefeitos mineiros, humilhados com suas administrações paralisadas pelo calote de mais de R$ 6 bilhões. Em âmbito nacional não foi diferente. A grave crise que se abateu sobre o país nos últimos anos foi tratada de forma diferente em São Paulo. No último de meus quatro mandatos, a receita caiu também: em 2014, já havia caído 1,4%; em 2015, caiu 5%; e em 2016, tivemos 8% a menos nos cofres do Estado. O ritmo de algumas atividades foi alterado, mas nem de longe houve esse ciclo catastrófico. O Estado de São Paulo tem mais de 1 milhão de servidores. Todos estão e estiveram todo o tempo com os proventos e os benefícios rigorosamente em dia.

Por que os mineiros, especialmente os divinopolitanos e o povo do Centro-Oeste de Minas devem apostar em sua gestão?

 Divinópolis é uma cidade empreendedora, e assim é o Centro-Oeste de Minas, como eu falei antes. Vou abrir o mercado bancário brasileiro para os bancos estrangeiros, para gerar concorrência. É assim que os juros caem, é assim que a oferta de crédito aumenta, é assim que o país evolui. Mineiros são pessoas atentas, percebem a hora e a vez de agir e retomar o controle de seus destinos. Desde sempre, Minas Gerais guia o Brasil, ajuda a dar rumo e é pedra de toque no equilíbrio federativo. Na Presidência da República, meu compromisso com os mineiros será cumprido, e o Estado terá a relevância que é sua por direito no plano nacional. E Divinópolis, como eu já disse, é importante demais para não receber todo o apoio que merece. É minha experiência de ter sido vereador, prefeito, deputado e quatro vezes governador que ofereço agora. Eu me preparei a vida toda para isso. Este é o momento.

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