Entrega atrasa e pacientes de câncer de mama ficam sem remédio em Divinópolis

Gisele Souto 

O uso do Trastuzumabe é de extrema importância para o tratamento das pacientes com alguns tipos de câncer de mama. É tomado uma vez por mês e conhecido por muitas mulheres como vacina, já que é aplicado da mesma forma. Porém, quem sofre da doença aguarda desde o início do mês a chegada deste medicamento ao Hospital do Câncer em Divinópolis.

O remédio é fornecido pelo Governo do Estado, cumprindo medida judicial, depois que um grupo de mulheres moveu ação pleiteando a aquisição do remédio que não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com doença metastática, que foram excluídas do novo protocolo do Ministério da Saúde. Antes, elas conseguiam ser assistidas por meio de ações individuais. Para ter acesso ao remédio, a paciente precisa ser cadastrada pelo hospital em que ela realiza o tratamento, no Ministério da Saúde (MS). A maioria das pacientes não consegue arcar com o valor, já que o Trastuzumabe custa em média R$ 12 mil.

Atraso 

A entrega do governo, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), é feita trimestralmente, mas, segundo a gerente de Serviço de Apoio Diagnóstico e Tratamento da Unidade Oncológica (SADT) do Hospital São João de Deus, Paula Silva Maia, vem atrasando.

Ela coordena a Oncologia do hospital e conhece de perto as necessidades de cada paciente, algumas de Divinópolis e outras que vêm das 54 cidades da macrorregião. A gerente revela que os lotes previstos para chegar ao hospital na primeira semana de abril (ideal seria todo mês) ainda não foram entregues. Assim, as 54 mulheres que passam pelo procedimento estão sem o remédio. O problema maior, segundo ela, é que algumas já iniciaram o tratamento e ele precisa ser feito regularmente para ter real eficácia. Outras, segundo a gerente, ainda não tomaram a primeira dose e já possuem prescrição médica para isso.

— Há a promessa por parte da Secretaria de Estado de que os lotes cheguem no dia 20 deste mês [hoje]. A nossa expectativa é de que isso ocorra. Se ocorrer, na segunda-feira já estará à disposição das pacientes — explica.

Associação 

A Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (Acccom), por meio da assessoria de comunicação, informou que espera que o Estado cumpra com a promessa e retorne o mais rápido possível com a distribuição do medicamento.

Programação e prazo 

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) em Divinópolis, afirma que há alguns medicamentos oncológicos que são adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, recebidos pela SES e, depois de autorizados, são distribuídos conforme programação enviada pelos hospitais credenciados. Diz ainda que esta programação é encaminhada para a avaliação do Ministério da Saúde.

​A SRS diz ainda que, no caso do Trastuzumabe, utilizado para tratamento do câncer, ​o MS ainda não enviou o medicamento para o atendimento do segundo trimestre e que entrega está agendada para o dia 20 de abril (esta sexta-feira). Informa ainda que há uma ação civil deste medicamento. Neste caso, explica ​que, quanto ao atendimento de pacientes oriundos de ações judiciais, atualmente, há disponibilidade do medicamento Trastuzumabe de 440 mg por aproximadamente 40 dias.  Finaliza afirmando que, recentemente, foi concluído processo de compras e,​ neste momento, a SES aguarda​ emissão de autorização de fornecimento, para que o vencedor do processo proceda a entrega do produto.

 

 

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