Entenda a embolia pulmonar

Desde o início desta coluna, procurei escolher os temas mais frequentes e chamativos relacionados à cardiologia, evitando usar uma linguagem técnica, para que ficasse ao alcance da população e, ao mesmo tempo, não deixasse de ter um apelo científico à classe médica e a todos os profissionais de saúde. Entre os inúmeros temas e solicitações, achei importante abordar, na última coluna desta primeira fase, a embolia pulmonar. Trata-se de uma condição frequente que permanece obscura diante de grande parte da população.

 A embolia pulmonar 

A embolia pulmonar é causada pela obstrução das artérias dos pulmões por coágulos (trombos ou êmbolos) que, na maior parte das vezes, formam-se nas veias profundas das pernas ou da pélvis e são liberados na circulação sanguínea. Apesar de mais raros, também existem casos de embolias aéreas (bolhas de ar) e de líquido amniótico. A gravidade do quadro está diretamente correlacionada com o tamanho do embolo, podendo ser mortal.

 Causas 

São fatores de risco para a embolia pulmonar a imobilidade prolongada, cirurgias extensas, câncer, traumas, anticoncepcionais com estrógeno, reposição hormonal, gravidez e pós-parto, varizes, obesidade, tabagismo, insuficiência cardíaca, idade superior a 40 anos, DPOC e distúrbios na coagulação do sangue.

 Sintomas

 Trombos pequenos ou aqueles que são rapidamente desfeitos podem não provocar sintomas, ou provocar sintomas leves que passam despercebidos. Quando os trombos são maiores ou, embora menores, mais de uma artéria pulmonar é afetada, os seguintes sintomas são indicativos de embolia pulmonar: dor torácica de início repentino ou que vai aumentando de intensidade, falta de ar, aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, palidez, ansiedade. Pele e unhas azuladas (cianose), tosse seca ou com sangue, dor no peito e febre podem ser sinais de oclusão de uma ou mais artérias do pulmão e de infarto pulmonar.

 Diagnóstico 

O levantamento da história clínica e dos fatores de risco do paciente são os primeiros passos para o diagnóstico da embolia pulmonar. Existem, no entanto, exames de laboratório e de imagem que ajudam a esclarecer a suspeita da doença. São eles: o D-dímero, a gasometria arterial, a arteriografia pulmonar, a cintilografia a tomografia e a ressonância magnética. O eletrocardiograma e a radiografia de tórax, embora inespecíficos, podem revelar alterações discretas provocadas pela embolia e infarto pulmonar.

 Prevenção 

Algumas situações podem representar risco maior para a formação de êmbolos nas veias. Se não for possível evitá-las, o uso de medicamentos anticoagulantes e trombolíticos em pacientes de alto risco, meias elásticas, o reinício da atividade física rapidamente nos pós-operatórios e a realização de exercícios para movimentar as pernas durante os períodos de grande imobilidade, são medidas que ajudam a prevenir o distúrbio.

 Tratamento

O tratamento inicial da embolia pulmonar inclui a administração de oxigênio e anticoagulante (Heparina), por via intravenosa, que evita o aumento dos coágulos já existentes e a formação de novos coágulos. Essa droga costuma ser posteriormente substituída pela vrafarina (Marevan), que produz os mesmos efeitos, mas tem ação mais lenta. Esses medicamentos precisam ser utilizados com acompanhamento médico, pois aumentam o risco de sangramentos.  A implantação de filtro na veia cava pode ser um recurso em pacientes com contraindicação de uso de anticoagulantes. A retirada de um êmbolo (Embolectomia) é uma intervenção cirúrgica que deve ser considerada apenas nos quadros de embolia maciça.

 

Obs.: O tema anticoagulante está disponível em artigo anterior desta coluna.

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