Enredos costumeiros

Os mineiros acompanharam nesta semana a intensa negociação entre o governo do Estado e Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para a votação do projeto de lei que antecipa os créditos da exploração do nióbio, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). As tratativas começaram após o secretário de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Otto Levy, admitir que o pagamento 13º salário dos servidores estaduais poderia ficar para 2020 caso a Assembleia não aprovasse o projeto de lei até ontem. Logo após a declaração do secretário, que foi feita na semana passada, os deputados estaduais começaram a se movimentar para garantir o pagamento do benefício ainda neste ano. Na última segunda-feira, 11, os líderes dos blocos da ALMG anunciaram o acordo para votar o projeto até 18 de dezembro e assegurar o pagamento.

Na terça-feira, 12, o Estado anunciou que a data 18 de dezembro não atendia às expectativas do Executivo, uma vez que, para garantir os R$ 5 bilhões que o Estado pretende arrecadar com a antecipação, são necessárias de três a quatro semanas para concluir a operação na Bolsa de Valores. Logo após, os parlamentares – da base e da oposição do Governo – articularam mais uma vez e comunicaram que o projeto seria votado ainda neste mês para garantir o pagamento do 13º salário de forma integral para os servidores estaduais. O presidente da ALMG, Agostinho Patrus, afirmou que acordo entre governistas e oposicionistas era inédito na Casa e se tornava um “exemplo da consciência” para enfrentar a crise. Sem sombra de dúvidas, este é um exemplo a ser seguido por outras casas legislativas, mas, principalmente, pela Câmara de Divinópolis.

Por aqui não é muito diferente, tudo vira uma novela. Se a Prefeitura quer doar um lote para uma empresa, para, em consequência, gerar empregos, arrecadação e renda, pronto, é motivo de ir parar no Ministério Público (MP). Se o Executivo quer revisar a planta de valores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) – que está defasada há 30 anos – para aumentar a arrecadação do Município, pronto, vira Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e também vai parar no MP. Se a Prefeitura quer retirar o camelódromo do local para melhorar o trânsito e a acessibilidade na cidade, pronto, mais um enredo. Em Divinópolis, nada, absolutamente nada vai para frente. A cidade está parada no tempo por um único motivo: politicagem barata. Se os vereadores já tivessem aprovado a revisão da planta de valores do IPTU, hoje os servidores municipais já poderiam estar planejando suas ceias de Natal. Mas, como existe a politicagem, o projeto de lei está parado na Câmara há mais de um ano.

Hoje, a ALMG se tornou um exemplo para os vereadores de Divinópolis, afinal, existem interesses muitos maiores, que estão acima da reeleição. De que adianta ser oposição, quando a mesa do servidor municipal estará vazia na noite do dia 24 de dezembro? Ser cega e burra, quando a mesa e a árvore de Natal estão cheias e fartas, e de outras milhares de famílias estão vazias, à espera de uma simples atitude: ação! Sempre vale a pena refletir, principalmente quando os empobrecidos esperam o mínimo de dignidade, nem que seja apenas no Natal, quando os corações costumam ficar mais sensíveis.

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