Empresários comemoram volta do funcionamento do comércio

Retorno à onda vermelha foi marcado por restrições e pouca movimentação

Bruno Bueno

O primeiro dia de reabertura do comércio em Divinópolis foi bastante comemorado por empresários e empreendedores. Depois de 41 dias de proibição do Estado, na manhã de ontem, comerciantes do município puderam, após avanço da cidade para a onda vermelha do programa Minas Consciente, abrir legalmente seus estabelecimentos. O decreto liberando o funcionamento estava em vigor desde o último sábado, 24, porém, a maioria das lojas só abriu nesta segunda.

Reabertura

A reabertura dos estabelecimentos comerciais foi possível graças ao avanço da macrorregião Oeste, que comporta Divinópolis e outros 53 municípios, para a onda vermelha, que permite o funcionamento de atividades não essenciais. A progressão foi confirmada na última quinta, fazendo com que a cidade saísse da onda roxa depois de mais de um mês na fase mais restritiva. 

No mesmo dia, o Comitê de Enfrentamento à Covid no Estado, responsável pela definição das ondas, também decidiu pelo avanço das macrorregiões Centro, Centro-Sul, Leste, Leste do Sul e Vale do Aço, fazendo com que apenas a área Nordeste, que está com quase 100% dos leitos para pacientes com covid ocupados, permaneceu na onda roxa. Ainda conforme o Estado, nove das 89 microrregiões ‒ Guanhães, Itabira, João Monlevade, Ouro Preto, Sete Lagoas e as quatro cidades da região Nordeste ‒ também não avançam para a onda vermelha.

Decreto e nota explicativa

Logo após a decisão do Estado, a Prefeitura de Divinópolis publicou, na última sexta, o decreto nº 14.345, que ratifica as determinações vindas do governador Romeu Zema (Novo). Além disso, uma nota explicando as novas medidas foi divulgada pelo Executivo.

Os documentos reforçam a necessidade das medidas restritivas já impostas pelo programa, estabelecendo, dentre outras regras, o distanciamento mínimo de 3 metros por pessoa em ambientes fechados e 1,5 metro em locais abertos. A norma também reforça a obrigatoriedade de os estabelecimentos disponibilizarem álcool 70% para higienização das mãos, além de realizarem a aferição da temperatura do cliente na entrada da loja.

A locação de imóveis, sítios ou outros espaços privados, para a realização de festas, cerimônias, comemorações, solenidades particulares e qualquer outro tipo de evento que possa gerar aglomerações também é proibido. A utilização de praças e outros espaços públicos para atividades físicas também não é permitido. Velórios, caso a morte não tenha sido em decorrência da covid-19, poderão ser realizados entre as 6h e 17h, permitindo a presença de no máximo 30 pessoas.

Comércio varejista

Os empreendedores de comércios varejistas foram um dos muitos que comemoraram a reabertura completa dos estabelecimentos. Mesmo podendo atender clientes para retirada de produtos na entrada da loja durante a roxa, a permissão da entrada de pessoas nos estabelecimentos já teve resultado nas primeiras horas de flexibilização. É o que comenta Danilo Henrique, dono de uma loja de roupas no bairro São Judas.

—  Fiquei muito feliz com a reabertura. Nesta segunda já tive um bom aumento das vendas só pelo fato de poder receber os clientes. Estamos tomando todas as medidas de precaução. Precisávamos voltar a trabalhar, a culpa das mortes por covid não é nossa — disse.

Ainda segundo o microempresário, mesmo com o aumento das vendas, a movimentação em sua loja continua em baixa.

— Recebemos mais clientes, só que a movimentação nem se compara com o ano passado. As pessoas ainda estão com medo de sair, mas, falando pelo meu estabelecimento, nós estamos cumprindo todas as recomendações dos órgãos de segurança. Espero que nas próximas semanas a situação melhore — afirmou.

O relato de Danilo também pôde ser visto em diversos estabelecimentos na região Central da cidade que, mesmo com a reabertura completa, registraram pouco movimento de clientes durante o dia de ontem.

Academias

Certamente quem teve motivos para comemorar foram os proprietários das academias. Sem funcionar há mais de um mês, os centros de musculação, dança e outras atividades reabriram ontem podendo atender alunos das 6h às 22h, mantendo um distanciamento de três metros por pessoa, além da necessidade de higienizar os aparelhos, disponibilizar álcool em gel e realizar a aferição da temperatura.

Breno Ribeiro, instrutor e profissional de educação física, comemorou a volta dos treinos.

— Foi um alívio. Ninguém aguentava mais ficar em casa. Infelizmente perdi muitos alunos que desistiram de malhar por conta do fechamento. Se Deus quiser não iremos mais fechar e essas pessoas irão voltar — explicou.

O professor ainda relatou que teve que se reinventar durante o fechamento das academias.

— Ninguém queria treinar. Tive que fazer treinos on-line, gravar vídeos, já fui até a casa do aluno para motivar. Foi muito difícil, meu faturamento reduziu mais da metade. Estou devendo aulas para vários alunos que já pagaram a mensalidade e não puderam usufruir — afirmou.

Autoescolas

Outro serviço que foi impedido de funcionar durante a onda roxa foram as autoescolas. Os centros de aprendizagem veicular também abriram na segunda e já puderam retornar com as aulas práticas de direção e teóricas de legislação. Mateus, instrutor de trânsito, comemorou o retorno das autoescolas.

— É uma alegria muito grande. Infelizmente nosso serviço necessita da parte presencial. Mesmo com aulas remotas, o aprendizado é diferente. Achei que não aguentaria mais um fechamento — disse.

O profissional ainda relatou que o fechamento prejudicou os alunos que estão se preparando para tirar a carteira de habilitação.

— Prejudicou demais o aprendizado dos alunos. Muitos já estavam prontos para o exame final e não puderam fazer por conta do fechamento. Tomara que isso não tenha um impacto negativo agora com o retorno das aulas, mas posso dizer que teremos muito trabalho para relembrar os conceitos.

 

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