Empresa retoma calçamento no Icaraí

Pollyanna Martins 
Ricardo Welbert

Moradores da rua Leda, no bairro Icaraí, presenciaram ontem o que parece ser o começo do fim de um antigo problema. Operários da Maia Engenharia, empresa licitada pela Prefeitura para calçar a via, retomaram o serviço que havia sido interrompido ano passado. O motivo alegado à época foi falta de dinheiro.

A novela começou em 2013, quando uma emenda parlamentar disponibilizou R$ 250 mil para calçar as ruas Itararé, Madrigal e Leda. A Maia Engenharia ganhou a licitação e cumpriu parte da obra, calçando as ruas Madrigal e Itararé.

Porém, em dezembro de 2017, após remover calçadas, a empresa interrompeu o serviço. Dos passeios que haviam sido destruídos, apenas um foi refeito. A reportagem do jornal “Gazeta do Oeste” apurou à época que se tratava de um terreno usado para criação de animais e que o outro lado da rua, que tem casas, ficou com chão de terra em frente.

A Maia Engenharia informou à ocasião que só executaria a obra depois que todos os recursos estivessem na conta da Prefeitura, ignorando o fato de que 50% da verba do Governo Federal são depositados para iniciar a obra. Após a Caixa ser informada da conclusão da primeira parte, verifica se a empresa realmente cumpriu o que disse. Se sim, libera o restante do dinheiro para a conclusão.

Após o pagamento de R$ 100 mil, foram realizadas apenas as obras das ruas Itararé e Madrigal (o que ainda representava 43,24% do serviço). Porém, no escritório da Caixa em Brasília, haviam sido lançados apenas 3% da execução referente ao repasse inicial. Para o banco, a obra mal existia.

Câmara

O caso foi parar na tribuna da Câmara, onde o vereador Eduardo Print Júnior (SD) disse, no começo deste ano, que um acordo previa que a Maia Engenharia fizesse as calçadas da via, para que uma nova medição fosse feita e o restante do dinheiro pudesse ser liberado para a conclusão.

A empresa informou que tinha executado R$ 40 mil em obras na rua Leda e que a conta vinculada ao convênio dispunha de aproximadamente R$ 26 mil. A construtora informou ainda que aguardava o depósito do restante para retomar e finalizar as obras no bairro.

O vereador classificou a atitude como uma tentativa de pressioná-lo para que forçasse a Prefeitura a liberar os R$ 25 mil que faltam para terminar os passeios.

— Eles querem receber R$ 25 mil para terminar dez metros lineares. Os outros R$ 125 mil que faltam ser repassados é que vão ser usados para calçar a rua — detalhou.

Ainda segundo o vereador, para que os R$ 150 mil restantes sejam liberados, a Caixa precisa fazer uma nova medição. Porém, o processo depende também da Prefeitura.

— O Executivo tem que pagar uma guia de R$ 511 à Caixa — disse, completando que a taxa será paga pelo governo para que a medição da obra seja feita.

No dia 8 de março, o vereador esteve na rua Leda e gravou um vídeo no qual mostra a situação. Depois, em pronunciamento durante reunião legislativa, chamou a Maia Engenharia de “irresponsável” por remover passeios da via e não reconstruí-los.   

— Falei com o Julio Campolina [superintendente da Usina de Projetos] e ele não resolveu. Então, resolvi expor o caso na Câmara. Para mim, essa continua sendo uma empresa irresponsável, que não conseguiu dar dignidade aos moradores que ela prejudicou — disse o vereador.

A empresa respondeu à crítica enviando um ofício à Câmara afirmando que o vereador “também é irresponsável” e “não tem know-how para falar sobre o assunto de engenharia, já que o máximo que ele cuidou foi de uma lojinha de bairro”.

Tanto Print quanto outros vereadores criticaram a resposta da empresa.

Outro lado

Procurada ontem pelo Agora, a Maia Engenharia disse que, mesmo sem ter recebido o restante da verba, decidiu continuar a obra. Durante a manhã, operários fizeram a terraplanagem em dois quarteirões da rua Leda. A meta da empresa é terminar todo o serviço em até três semanas e, depois, tentar receber pelo que fez.

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