Emoção marca despedida de policiais

Gisele Souto

Foi uma brincadeira no alojamento da 7ª Companhia Especial da Polícia Militar (PM), situada no bairro Icaraí, que marcou o sargento Júlio Cezar, companheiro de turno no sábado dos sargentos Claudinei Fiúza e Luciano Sérgio Ferreira, antes se serem armados e tomarem as viaturas para mais um dia de trabalho. Ao lado do caixão do sargento Sérgio, chamado carinhosamente por eles de “Borracheiro”, na quadra do 23º Batalhão da PM, Júlio se lembrou do amigo, um dos mais brincalhões entre eles.

— Ele me disse: trouxe um presente para você. Um cacho de banana. Sabia que eu gostava muito. Disse para ele que guardasse que pegaria no final do nosso turno. Não conseguiu me entregar — relata e completa:

— Nunca deixemos para fazer daqui a pouco o que podemos fazer agora — sintetiza.

Sargento Júlio prossegue dizendo que a viatura não participava de nenhuma perseguição ou qualquer ocorrência, apenas seguia normalmente na rodovia, sentido Pitangui, quando teve a infelicidade de se deparar com uma moto na frente, momento em que o militar teria perdido o controle da direção ao se desviar do motociclista.

Com o impacto da batida em uma árvore, três dos militares foram arremessados para fora do veículo. O sargento Claudinei Fiúza teve morte instantânea, enquanto o sargento Sérgio Ferreira foi levado de helicóptero para Belo Horizonte, mas também não resistiu. Os dois estavam nos bancos da frente da viatura. Um dos que estavam atrás, outro sargento que também foi arremessado, chegou a ficar internado, mas foi liberado no domingo. O outro, um cabo, foi atendido e liberado ainda no sábado.

O socorro

A outra viatura que era comandada pelo sargento Júlio já estava chegando em Pitangui, quando foi informada do acidente e retornou. Ao chegar ao local, encontrou a cena, de acordo com os militares, inesquecível. Naquele momento, o Grupo de Atendimento e Apoio Voluntário de Pitangui já prestava os primeiros socorros.

— Ajudar naquele momento era nosso dever, mas ver tudo aquilo com pessoas que havíamos conversado há tão pouco tempo e que, juntos, fazíamos planos para o trabalho da noite, não há palavras que descrevam e nem remédios que melhorem as cicatrizes — resume o sargento Júlio.

Velórios e enterros

Centenas de pessoas, entre parentes, companheiros de trabalho, amigos e comunidade passaram pela quadra do 23º BPM durante a manhã e tarde de domingo, 21, para se despedirem dos militares. O clima foi de comoção e muita tristeza. O Corpo de Bombeiros levou os caixões seguindo por dezenas de viaturas e carros. Primeiro, o sargento Fiúza, enterrado às 13h, no Cemitérios do Interlagos. Mais tarde, o sargento Sérgio, às 17h, no Parque da Colina. Os dois foram homenageados com salva de tiros, aplausos e toque de silêncio.

O acidente 

O acidente aconteceu na tarde de sábado, na MG-423, em Pitangui, quando militares seguiam para a cidade, onde trabalhariam. Militares da 7ª Companhia Especial atuam em diversas cidades da região, muito pouco em Divinópolis.

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