Em visita a Divinópolis, sertanista fala sobre 'Paredão de Minas'

Povoado em Buritizeiro, no Norte de MG, foi cenário da minissérie 'Grande Sertão: Veredas'

 

Fernando Camillo 

 Ananias Ferreira dos Santos é o nome de batismo do conhecido sertanista Sidraque. Ele nasceu em um local denominado “Paredão de Minas”, na comunidade de Buritizeiro, Norte do Estado. Para as gravações da série “Grande Sertão: Veredas”, da TV Globo, o apoio logístico de Sidraque e sua família foi fundamental. Walter Avancini foi quem escolheu o local para as locações e gravações.  

O distrito de Paredão de Minas nunca mais seria o mesmo. Sidraque assim definia o local de sua origem:  

— O Paredão anteriormente sempre fora um lugar muito pacato e pequeno. Estava adormecido, dormindo seu sono eterno — ressalta.   

O despertar 

Alan Viggiano e Napoleão Valadares são roteiristas conhecidos que chegaram ao Paredão de Minas à noite, vindos de Brasília. Procuravam por Sidraque. Os responsáveis por parte do roteiro das filmagens do seriado noticiaram que o Paredão de Minas, em Buritizeiro, foi um dos locais escolhidos para as gravações.  

Sidraque se lembra de que seu pai já teria adquirido aquele livro e, por isso, ele já havia se familiarizado como a obra de João Guimarães Rosa. Já por volta das 20h o anfitrião Sidraque ofereceu-lhes a melhor e mais conhecida aguardente da região e depois foram jantar.  

— Eles fizeram de tudo para buscar informações para o roteiro das filmagens. O papo foi longo, descontraído e muito agradável — revelou.  

 Um encontro, uma explosão  

O pai de Sidraque era um dos homens mais idosos daquela região. Por tradição, seu pai sempre foi um historiador que gostava de narrar casos e conhecia o local na palma da sua mão. Os visitantes, Alan Viggiano e Napoleão Valadares, marcam para o dia seguinte um encontro onde iriam conhecer o pai de Sidraque. Trato feito. Na manhã do outro dia, todos se levantam bem cedinho e por volta das 7h e o patriarca chega à casa de seu filho, Sidraque.  

Eles permaneceram o dia inteiro na beira do rio e na rua. Sempre filmando as pessoas. Assim conseguiram reunir inúmeros depoimentos sobre a região do conhecido Médio São Francisco. Sobre o cangaço de tempos passados. Filmaram vários lugares e pessoas.  

Depois de cerca de 15 dias, Sidraque recebe no seu rancho um “pacotão” com exemplares do “Correio Brasiliense” contando tudo sobre a vida no Paredão. Segundo ele, “aí foi que o trem explodiu”.  

Em dezembro do mesmo ano a Rede Globo chega ao Paredão de Minas, em Buritizeiro. Cerca de 30 carros integravam a caravana. Eles vieram para fazer um estudo aprimorado da região e afirmaram:  

— Após o carnaval voltaremos, já com toda a equipe, para trabalharmos. Chegaremos com mais de mil figurantes.  

Para Sidraque, essas ações no Paredão tornou o lugar bem mais conhecido.  

— Foi um acontecimento importante para região — diz.   

Toda a região foi beneficiada, acrescenta. Solimão; Santa Fé, município de João Pinheiro; Brasilândia; Montes Claros; Jequitaí e Várzea da Palma também.   

Entenda 

O depoimento de Sidraque foi colhido durante evento realizado em Divinópolis por: Capítulo União de Divinópolis nº 413 - DemMoley e Bethel Luz, Loja Maçônica “Marcius da Anunciação Dias”, Unimed e Laboratório Central. 

 

 

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