Em Divinópolis, ministro da Educação nega interferência no Enem e garante aplicação da prova

Convidado por Domingos Sávio (PSDB), Milton Ribeiro veio à cidade para alinhar políticas públicas da pasta para a região

Bruno Bueno

A aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos próximos dois domingos (21 e 28 de novembro) está garantida. Pelo menos é o que afirma o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que, em visita a Divinópolis, especificamente na faculdade Pitágoras, na manhã de ontem, disse que a suspensão do exame está descartada. 

No começo de novembro, 37 funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela aplicação da prova, pediram demissão alegando fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima, assédio moral do presidente do instituto, Danilo Dupas, e interferência do governo na prova. Em entrevista a jornalistas no local, o ministro garantiu que a prova será aplicada.

— Nunca houve vazamento de provas. (...) A sala é segura e a Polícia Federal está cuidando de tudo, não tem perigo. (...) Alunos, tenham tranquilidade e estejam presentes. (...) De jeito nenhum vai ser suspenso. As questões fazem parte de um grupo que está preparado desde três a quatros anos atrás, eles só escolheram — garantiu.

Na chegada do ministro ao local, diversos manifestantes de movimentos sindicais ligados à educação realizaram um protesto. As pessoas gritaram diversas frases direcionadas ao ministro, tais como “Viva o Enem”, “Piso salarial já” e “Mantenham as cotas raciais”.

 

‘Movimento político’

De acordo com o ministro, o movimento que pediu a suspensão do Enem não tem a ver com educação.

— Foi um movimento de caráter mais político do que acadêmico. As provas vão ser realizadas neste domingo e estão prontas há três meses. Está tudo encaminhado e eu creio que vai ser um sucesso para essa moçada que precisa voltar a estudar — disse.

 

Ele aproveitou a oportunidade para detalhar ações que o governo federal vai realizar no próximo ano para melhorar a educação do país no pós-pandemia.

— Nós estamos fazendo, em primeiro lugar, um diagnóstico. O Brasil é um país continental, onde o Norte é diferente do Sul. Então, primeiro, nós estamos avaliando. Os diretores vão falar o que eles acham, qual o nível de atraso e no começo do ano que vem nós iremos tomar as providências — salientou.

 

Visita

A visita do ministro a Divinópolis foi convite feito pelo deputado federal Domingos Sávio (PSDB). Na oportunidade, a equipe técnica do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) se reuniu com os prefeitos da região Centro-Oeste para alinhar políticas públicas para a educação. Em Divinópolis, a expectativa é que o ministro ative os recursos propostos em emenda pelo deputado federal para a construção da escola Darcy Ribeiro.

 

Milton deu mais detalhes sobre a visita à principal cidade do Centro-Oeste.

— O que nós estamos fazendo é obedecer uma orientação do nosso presidente que diz: menos Brasília e mais Brasil. O mesmo atendimento que o prefeito teria se fosse a Brasília ele está tendo aqui. A gente reúne em uma cidade central e faz esse atendimento desde as 8h30. São questões de projetos, creches, escolas, quadras e ônibus, que eventualmente o Governo Federal cede, através de nossos impostos, para a população brasileira — afirmou.

Durante a tarde, o ministro visitou o campus Divinópolis da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet).

 

Gleidson

Mesmo com a visita do ministro, quem chamou a atenção foi o prefeito Gleidson Azevedo (PSC). Durante seu pronunciamento, ele se direcionou ao seu irmão, vereador Eduardo Azevedo (PSC), para falar sobre um assunto diferente do que estava sendo abordado na reunião. O prefeito contou aos presentes que sancionou um projeto do irmão que proíbe o ensino de linguagem neutra na cidade e que, mesmo com grande parte da população considerando a pauta inconstitucional, aprovou o texto porque prefere “morrer” do que apoiar a ideologia de gênero.

— Eu quero que meu irmão Eduardo se levante. Aquele é o vereador Eduardo Azevedo. Eu fui cutucado agora pela militância, pela esquerda de Divinópolis, porque ontem eu sancionei uma lei inconstitucional sobre a linguagem neutra. Se for para defender as crianças, eu assino qualquer coisa errada. Agora, se for pra defender ideologia de gênero, eu quero morrer. Parabéns, Eduardo, por defender a família dos divinopolitanos. (...) Divinópolis, agora, tem prefeito — concluiu.

 

O chefe do Executivo aproveitou a oportunidade para agradecer a visita do ministro e pedir recursos para a cidade.

— Ministro, quando fui eleito prefeito de Divinópolis eu falei que a educação seria a pasta mais importante. Se a gente quer mudar esse país, está nas mãos do senhor e da minha secretária. (...) Eu não vou te pedir muito, não. (...) Já quero te agradecer pelos projetos que a gente tem do Cmei, já estamos construindo no Jardinópolis e no Alto das Oliveiras (...) e que o senhor possa ter um foco no Darcy Ribeiro, que a gente possa selar esse contrato e principalmente a nossa universidade, que ela se torne campus Divinópolis — enfatizou.

 

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