Em busca da espiritualidade

Augusto Fídelis

Para frei Anselmo, “o homem não é um ser errante entre o céu e a terra, mas uma criatura de Deus em marcha para a eternidade”. Esta afirmação nos remete a outras questões, exaustivamente debatidas, porém sem uma resposta convincente: de onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? 

São inúmeras as suposições, mas na verdade ninguém sabe nada. Quanto mais se estuda, mais complexo fica o assunto. Então, o conforto para a alma está na busca da espiritualidade. Neste contexto, explica Mário Quintana: “A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe”. E quando a alma está inquieta, vem a ansiedade, às vezes acompanhada da depressão, um mal que ataca a tantas pessoas que, aparentemente, não teriam nenhum motivo para estarem deprimidas. 

O ser humano tem necessidade de  Deus, de buscá-lo, de ter certeza de que há um ente superior que pode lhe dar amparo quando todas as possibilidades terrenas parecem esgotadas e, ao morrer, encontrar a luz. O homem e a mulher buscam, ainda que de maneira inconsciente, que a existência não se limita ao espaço de tempo entre a vida e a morte, mas pode ir muito além, alcançar a eternidade no gozo celeste.  Quando essa consciência se mantém aflorada, o vivente torna-se mais humano, mais caridoso com o próximo, embora advirta Mário Ritter Nunes: “No vestibular para o céu, muita gente perde na prova de caridade”.

Na opinião de Augusto Cury, “descobrimos a nossa espiritualidade quando despertamos para a finitude da vida. Por isso, velórios nos fazem tombar no silêncio”. Sêneca, filósofo romano, que foi conselheiro do imperador Nero, escreveu um pequeno livro chamado “Sobre a brevidade da vida”. Nesse opúsculo o autor chama a atenção para a importância da espiritualidade ao afirmar que a vida toda é um aprender a morrer. Segundo Nilma Marques Coelho, “a espiritualidade abre a nossa consciência, traz-nos sabedoria e ilumina a nossa alma”.

A propósito, estamos vivenciando mais uma Quaresma, época oportuna para o exame de consciência tão necessário nos dias atuais, em que há tantas discórdias, tanta falta de respeito em todos os lugares. A intolerância ronda os lares, as ruas e a cidade num festival maligno em que tantos se sucumbem.

A Semana Santa não tarda. Nesta época, comemora-se a paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como a última ceia com seus discípulos. Nessa ceia, além de ter instituído a Eucaristia, o Mestre lavou os pés daqueles que o acompanhavam na esperança do reino de Deus. No entanto, quem abandonar a sua cruz à margem do caminho não será digno da recompensa. “Buscai a Deus enquanto ainda pode ser encontrado”, clama o autor bíblico. Então, queridos leitores, que assim seja!

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