Eles se conhecem!

Não caberia aqui a lista completa dos adjetivos que os partidários e familiares do presidente desta envergonhada República trocam entre si. Coisa digna da gente mais desqualificada. Enfim, eles bem sabem o que estão dizendo. Quem somos nós para discordar?

“Picareta, menininho nem-nem: nem embaixador, nem líder, nem respeitado. Um zero à esquerda. A canalhice de vocês está sendo vista em todo o Brasil.” Foi assim que Joice Hasselman, ex-líder do governo, demitida por Bolsonaro, dirigiu-se ao filho dele, aquele que sabe fritar hambúrguer e, por isso, se julga apto a ser embaixador. Em resposta, ele a chamou de Peppa. Este cronista foi informar-se e soube que se trata de uma porca que aparece na TV, em desenhos animados.

O delegado Waldir não fez por menos. Por duas vezes chamou o presidente de vagabundo. Na terça-feira, 22, acrescentou: “O presidente é um marionete, os filhos é que estão governando”.

É valiosa a reflexão sempre arguta de Jânio de Freitas: “Um presidente chamado de vagabundo não é coisa para qualquer país. E assim tratado por duas vezes pelo próprio deputado-líder do seu partido... Bolsonaro ficou sem reação por 24 horas e depois reagiu apenas com a formalidade óbvia. Bolsonaro não pôde demitir o ministro do turismo, Marcelo Álvaro Antônio, quando apontado em uso ilegal de verbas e candidatas laranjas. Agora, a descumprida promessa de afastar todo suspeito já encara uma denúncia judicial. Com envolvimento também do candidato Bolsonaro. No episódio em curso, silêncio e mero pedido de processo contra o deputado inovador, Delegado Waldir, equivalem a uma fuga, tratando-se do valentão de mãos imitando armas. Duas omissões de quem sabe que está pendente do que o outro sabe e é bem capaz de dizer. Essa vulnerabilidade está envolta em emaranhado muito cinzento. Caixinha nos gabinetes dos filhos, proximidade com milícias, o Queiroz que não pode aparecer, funcionários fantasmas e parentes de milicianos, dependência da integridade ou covardia de promotores e procuradores, enfim confusão gorda de indícios e riscos”. (FSP, domingo, 20/10)

Infelizmente, vem mais por aí, podem crer. Entrevistado, o jurista Luiz Francisco de Souza, que foi o terror dos políticos corruptos na década de 90, quando era Procurador da República, indaga desolado: “... sinto profunda vergonha, como brasileiro, como pessoa pública, de ter um presidente igual a esse. É uma coisa que é trágica, que é totalmente irracional. Como é que a gente chegou a um nível desse?” (UOL 28/10).

Aí está, bem expresso, o sentimento que acomete a todos os brasileiros. Aos que pensam. Como responder? [email protected]

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