Eleitor recorre a vereador até para casar em Divinópolis

Pedidos de ajuda pessoal ainda são comuns; vereadores criticam assistencialismo

Flávio Flora

A antiga prática de assistencialismo que leva algumas pessoas a procurar os gabinetes da Câmara para diversas finalidades fora das atribuições do vereador foi duramente criticada na reunião desta terça, 20. A proposta de reflexão foi apresentada pelo vereador Cleitinho Azevedo (PPS), procurado por dezenas de pessoas que lhe pedem dinheiro para pagar conta de luz e de água, rifas, remédios, alimentos, carro para levar doente a hospital, dentre outras coisas.

Na opinião do vereador, dirigindo-se à Presidência, é necessário disponibilizar junto aos seguranças um profissional do serviço social. No momento em que falava da Tribuna, ele abriu sua página em uma mídia social e relatou uma conversa com uma jovem:

— Boa tarde, Cleitinho. Eu e meu esposo temos muita vontade de casar, mas não temos condições.  Você pode nos ajudar?

— No que eu poderia te ajudar? — respondeu ele. Ela:

— Não temos condições de pagar a taxa de casamento, em torno de uns R$ 510.

Ele:

— Se não têm como pagar uma taxa de casamento, como é que vocês querem se casar?

O vereador manifestou-se surpreso com o crescimento de pessoas pedindo dinheiro pela rede social, no gabinete e até na loja de seu pai, como tem observado nos últimos 20 dias. Informou que se fosse atender a todos, o seu salário não daria.

— Essa raiz de assistencialismo tem que acabar. Aí vou entendendo porque a maioria dos políticos é corrupta: é porque a própria população os corrompe. Eu não ajo assim. Não quero saber de receber nem dar propina em troca de voto, porque pedidos têm. Isso precisa ter um limite — analisa Cleitinho, reclamando dos xingamentos que recebe quando não atende algum pedido.

Assistencialismo é ilícito

Em parte, o vereador Sargento Elton (PEN) informou que também não concorda com esse assistencialismo na Câmara, por ser distante do que preconizam a funções do vereador e por serem ilícitas essas doações de dinheiro ou a realização de favores pessoais.

— Esse é um ato ilegal. Certa vez, tive de advertir uma senhora de que o pedido dela poderia lhe trazer problema e que ela até poderia ser presa em flagrante. A população tem que entender que o papel do vereador é outro e não se pode misturar as coisas — alertou Sargento Elton

Em seu pronunciamento, Roger Viegas (Pros) também se posicionou contra a atividade de assistência social nos gabinetes da Câmara.

— Meu gabinete está preparado para receber as pessoas para reuniões de interesse coletivo, não para assistencialismo ou para pedidos de dinheiro. Fato que tenho observado acontecer muito aqui na Casa. Essa filosofia de trabalho deve ser repensada. Precisa ficar no passado — reforçou Viegas.

 

 

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