Elas no poder

Preto no Branco 

Por incrível que pareça, em 107 anos e 24 legislaturas, a Câmara de Divinópolis teve apenas cinco mulheres ocupando uma vaga entre as cadeiras legislativas. A primeira mulher eleita vereadora da cidade foi Ivone Gomes Guimarães, em 1976, pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (Arena), com 930 votos. Seu mandato durou seis anos e foram necessários muitos outros  para que Divinópolis realizasse mais um feito, elegendo duas mulheres para o Legislativo. 

Muitos não sabem ou não devem se lembrar, mas Maria das Dores Manoel, “Dorzinha”, foi eleita pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) em 1988, com 548 votos; e Eliana “Piola” Ferreira Glória e Silva pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 714 votos. Ambas repetiram o feito quando forem reeleitas em 2000. Eliana pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), com 1.024 votos (0,83%), e Dorzinha com 816 votos (0,67%). Mas Dorzinha fez história na cidade por ser a vereadora com mais mandatos, devido à sua eleição em 1996, quando teve 807 votos. Tradicionalmente uma cidade comandada por homens, tanto no Executivo quanto no Legislativo, Divinópolis foi ter uma mulher ocupando uma cadeira na Câmara novamente só em 2008, quando Dra. Heloísa Cerri foi eleita pelo Partido Verde (PV), com 2.094 votos.  E foi sempre assim, pouca representatividade “delas” e sempre em anos alternados.

Para ser ter uma ideia, as mulheres só voltaram a ter uma representante na Câmara em 2016, com a eleição de Janete Aparecida, pelo PSD, com 1.778 votos. Agora, pela terceira vez na história, duas mulheres ocuparão uma vaga entre as cadeiras legislativas. Mas, antes disso, pela primeira vez na história da cidade, elas fizeram bonito. Nesta eleição, foram 115 mulheres na disputa eleitoral. Apesar de a política ser um lugar predominado por homens e comandado pelo machismo, as mulheres estão vencendo essa barreira e indo em busca de representatividade. A cidade teve 307 candidatos a vereador, sendo 108 mulheres. Elas se destacaram também na disputa pelo Poder Executivo. Pela primeira vez, das nove chapas que disputaram a Prefeitura de Divinópolis, duas foram formadas somente por mulheres, sendo Laiz Soares e Giovana Garrocho (Solidariedade), e Maria Helena (PT) e Simone Leite (PC do B); houve também uma chapa encabeçada por Iris Moreira (PSD), e as chapas de Marquinho Clementino (Republicanos) e Gleidson Azevedo (PSC), que tiveram como vices Andreia Rabelo (PDT) e Janete Aparecida (PSC), respectivamente.

Hoje, já com o cenário político formado, e com duas mulheres no Legislativo – sendo que um teve uma votação histórica – e uma ocupando a vaga de vice-prefeita, pela segunda vez da história da cidade, é possível dizer que Divinópolis começa a se desenvolver. Afinal, para que se tenha uma cidade mais justa, mais igual, é necessário que tanto homens quanto mulheres tenham oportunidades iguais. E elas estão vencendo o medo para ocupar a cada dia mais lugares de destaque na sociedade. Elas estão no poder, lugar no qual sempre deveriam estar. E, ao que tudo indica, o movimento não vai parar. Divinópolis deu oportunidade nestas eleições e mostrou que está preparada para um futuro igualitário e justo. 

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