Educadores estaduais suspendem paralisação

 

Gisele Souto

Após um mês e 11 dias em greve, os servidores estaduais da Educação interromperam o movimento. Pelo menos por enquanto, já que declaram estar em “estado de greve”. A decisão foi tomada em assembleia estadual realizada na tarde da última quarta-feira, quando trabalhadores de vários municípios votaram e decidiram pela suspensão temporária da paralisação por tempo indeterminado.

A decisão da categoria foi tomada a partir das avaliações das regiões sobre o quadro atual do movimento. Incluindo o Centro-Oeste, onde Divinópolis possui o maior número de escolas e alunos. São 35 instituições de ensino e, destas, apenas cinco aderiram à greve; mesmo assim, duas de forma parcial.  Dos 23 mil estudantes, pouco mais de três mil ficaram sem aulas por cerca de 20 dias. Na Superintendência Regional de Ensino (SRE), apenas 18 servidores pararam suas atividades.

Propostas

A categoria decidiu pela suspensão temporária da greve, mas com as seguintes propostas:

- vincular o Estado de Greve à promulgação da PEC 49/18 sobre o Piso Salarial;

- realizar a negociação da reposição somente após a promulgação da PEC como forma de pressão. “O processo deve ser construído coletivamente de modo a impedir retaliações, assédio moral e outras práticas semelhantes”, segundo sindicato;

- mobilizar para pressionar pela votação da PEC 49/18, realizando paralisações com caravanas nas votações de 1º e 2º turnos;

- realizar ações permanentes de cobrança de todos os retroativos e passivos que o Governo do Estado deve à categoria com dia estadual de cobrança por mês, pelo tempo que for necessário;

- realizar reuniões dos comandos locais de greve e diálogo com a sociedade sobre a suspensão temporária da greve e a continuidade das mobilizações; 

- participar do ato nacional em Ouro Preto e levar a cobrança das questões estaduais;

- retorno às atividades no dia 23, próxima segunda-feira. O governo será notificado da data pelo sindicato.

De acordo com a avaliação da assembleia, a categoria continua a luta e a cobrança ao governador Fernando Pimentel (PT) de todas as questões que não foram resolvidas até o momento.

A educadora divinopolitana e presidente da CTB/MG e Sinpro Minas, Valéria Morato, foi uma das participantes da assembleia. Em discurso, ela disse que as lideranças são monitoradas a todo momento, mas nem por isso se intimidam e vão recuar.

— Estamos firmes na defesa da democracia, no estado democrático direito. Sabemos como é difícil a luta, principalmente num país que tem submetido sua população ao estado da pobreza. Nós, servidores da educação, não estamos fora deste contexto. Não vão tirar nossos direitos conquistados durante todos estes anos, continuamos firmes, unidos e resistentes — completa.

Rede particular

Ontem foi a vez de os professores das escolas particulares de Minas Gerais protestarem. Uns pararam totalmente e outros parcialmente. Reuniram-se também pela manhã no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde discutiram os rumos do movimento.

A paralisação foi decidida durante uma assembleia no último sábado. Os educadores pedem, entre outras reivindicações, reajuste salarial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais 3% de ganho real.

Ilegítima

O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG) afirmou, por meio de nota, que vem se reunindo com o Sinpro para discutir pontos relacionados à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O Sinep criticou a paralisação.

— Como as negociações estão no início, com a data-base prorrogada até 30 de abril, não há falta de entendimento entre as partes. Por isso, qualquer paralisação não é legítima — afirma o sindicato.

 

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