Economia x saúde

Rodrigo Dias

Abrir ou não o comércio. Fazer com que as pessoas saiam do isolamento. Economia x saúde.

O que me preocupa nessa discussão toda é que ela ocorre antes do período de pico da pandemia da Covid-19, dando a impressão de que o pior já passou, quando é muito pelo contrário: o pior está ainda por vir.

Se o pico é previsto para as próximas semanas ‒ entre  o meio de abril e início maio ‒, é racional acreditar que mais gente na rua é igual a mais gente doente e, portanto, consumindo mais leitos e recursos hospitalares. Soma-se a isso a possibilidade de uma exposição maior dos grupos de risco, seja direta ou indiretamente, com risco potencial de morte aumentado.

Não é preciso entender muito de números ou de economia para perceber que a equação está bem definida. Agora, trata-se de uma questão de cálculo, ou melhor, de escolha, para ter um resultado menos danoso.

Ninguém quer a falência de ninguém, nem a perda de emprego. Caso isso ocorra, vale lembrar que aos falidos haverá sempre a possibilidade de se recuperar. Já aos falecidos... Bem, isso não se aplica.

Num cenário como esse, o mais inteligente a se fazer é mesmo manter o isolamento. Atendendo, assim, ao aconselhado por pesquisadores, cientistas e autoridades de saúde do mundo todo.

No que se refere ao Brasil, o senso comum entre as autoridades sérias é que as próximas semanas são cruciais. É nesse período agora que o contágio será mais acelerado e o número de mortos tende a acentuar, o que, mais uma vez, só reforça a necessidade do isolamento.

O lamentável é quando uma discussão de saúde tão primordial como essa ganha um viés político visando votos, popularidade e eleições. Enquanto o povo for tratado apenas como número e/ou retórica política barata e dispensável, muitos vão morrer. Seja pela Covid-19 ou por outros males já conhecidos.

Até que a saúde seja preservada, o resto que se ouve por aí é ruído. Quanto à economia, é papel dos governos encontrar saídas para superar a crise. As reservas e os recursos estratégicos de uma nação servem para ser utilizados em momentos como o atual.

O que não é permitido é colocar milhares como escudo para a economia não ruir. Por pior que sejam, crises sempre passam.

Para este período de pandemia, a receita continua sendo o bom senso, prevenção e a #ficaemcasa.

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