E você, tem feito sua parte?

Ana Luiza Silva

Você já parou para refletir o quanto os noticiários se esbaldam com as notícias e informações negativas? Todos os dias assistimos a uma verdadeira promoção, ou melhor, uma liquidação digna de grandes redes de varejo, nos ofertando pacotes de notícias a custo zero. Tem de todo tipo: desde as que nos assustam e pregam medos, até os assaltos, mortes e queimadas que não acabam mais. Enfim, “um prato cheio” para explorar e espalhar a tristeza, o medo e a descrença de um futuro melhor, de um futuro diferente. Então fica aqui uma pergunta: onde estão as notícias prazerosas, que nos proporcionam alegria e esperança? Talvez eu devesse mudar a pergunta: quem define qual notícia será veiculada, a mídia ou quem as compra (lendo, assistindo e ouvindo)? Uma coisa é fato: as boas notícias existem, só que veiculadas em menor escala. Pare e pense o quanto de coisas boas acontecem na vida e não são tidas como uma matéria importante, ou até mesmo uma reportagem de peso?

Vão aqui alguns exemplos simples e que, no dia a dia, fazem a diferença para evidenciar essa esperança, essa luz no fim do túnel. Outro dia, um casal de amigos meu foi a uma pizzaria onde a proposta é a venda de pizza pré-assada. Compraram uma pizza e um refrigerante, pagaram e foram embora. No meio do caminho, ao conferir o troco, a esposa viu que o caixa não havia efetuado a cobrança do refrigerante. Já estavam próximos de casa, quando deram meia volta e foram direto à pizzaria para fazer o pagamento do refrigerante. Logo a pessoa que tinha esquecido de cobrar o refrigerante sorriu, agradeceu e disse: “quanta gentileza sua! Você não sabe o quanto isso foi importante para mim, pois estou em treinamento e de vez em quando isso acontece. Estou cada dia mais atento, mas, quando essas situações ocorrem, tenho de pagar do meu bolso e nem sempre tenho o dinheiro, o que gera outro problema. Muito obrigado pela sua honestidade e disposição para voltar e efetuar o pagamento”. Meus amigos saíram felizes daquela pizzaria, apesar de não terem feito nada de diferente ou anormal, simplesmente fizeram o correto.

Em outro caso, há poucos dias fui a uma loja muito conhecida na cidade. Já era tarde, mas eu queria muito comprar um casaco que tinha visto nas redes sociais. Fui no fim da tarde e tinha a consciência de que já estava quase na hora de fechar, então, ao entrar na loja, havia um rapaz logo na entrada. Daí perguntei: “a loja fecha que horas?”. Ele imediatamente me respondeu com uma voz ríspida e um semblante sério: “durante a semana fecha às 19h, e no sábado, às 14h”. Naquele momento, percebi uma insatisfação por parte dele devido ao horário de trabalho. Agradeci, entrei e fui em busca do casaco que eu tanto queria. Alguns minutos depois, me aproximei novamente dele e começamos a conversar, foi então que ele me disse com uma mágoa estampada no rosto: “moça, me desculpa o jeito que te respondi, mas é que estou em uma depressão sem fim e sem saber o que fazer da minha vida; se continuo trabalhando aqui, se vou estudar ou se empreendo em um negócio próprio”...

Naquele momento, fiquei por alguns instantes refletindo sobre sua angústia, e logo troquei algumas palavras de incentivo com ele, um rapaz tão jovem, de apenas 18 anos, que está sofrendo, com uma dor no peito sem saber qual caminho seguir. No fim, comprei o casaco e, quando já estava indo embora, ele me agradeceu e disse: “obrigado pelas palavras, você me ajudou muito!”. Fui embora feliz, apesar de não saber até que ponto pude contribuir, mas pelo menos eu tentei.

Em mais um caso, esta semana enviei uma mensagem para uma amiga e ela demorou para responder, o que não é normal. Bem mais tarde, respondeu com as seguintes palavras: “Oi, amiga. Estou bem, e você, como está? Desculpe-me a demora em te responder, eu perdi meu celular de manhã. Peguei-o agora há pouco, a pessoa que encontrou devolveu”.

Aí eu te pergunto: podemos nos apegar aos pequenos bons exemplos e ter esperança de dias melhores? Essas boas coisas acontecem, mas, obviamente, não são conteúdos para uma chamada no jornal ou uma matéria de relevância. Será mesmo? Bom, o que posso tirar como lição é nunca perder a esperança, a fé, e continuar fazendo a minha parte, fazendo as coisas boas e seguindo o caminho do bem.

E você, o que tem feito de bom, de exemplos simples e que no dia a dia fazem a diferença? Na verdade, a pergunta é: você está fazendo sua parte? Ou pelo menos tentando, ou está somente apontando para o próximo? Problemas existem e sempre existirão, você é que define como e o quanto eles irão te afetar.

Comentários