E paz na terra!

Antônio de Oliveira

Diz a lenda que havia dois monges que tinham convivido durante quarenta anos e nunca haviam discutido sequer uma vez.

Um dia, um deles disse ao confrade: 

“Você não acha que está na hora de discutirmos pelo menos uma vez?”.

O outro monge respondeu:

“Está bem, então vamos começar! Discutiremos o quê?”.

“Que tal discutirmos a quem pertence este pedaço de pão que está no seu bornal?”, pergunta o primeiro monge.

”Está bem... vamos lá. Comece você.”

O primeiro monge, então, disse:

“Este pão é meu, pertence a mim, não a você”.

O segundo replica: “Se assim é, já que é seu, fique com ele”.

Moral da história:

quando um não quer, dois não brigam.

Naquele tempo e naquela noite do Natal, havia uns pastores onde se encontra hoje a povoação de Bet Sahur, a cerca de três quilômetros de Belém. E eis que o anjo do Senhor, mensageiro e porta-voz do céu, louvou a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas alturas e, na terra, paz aos homens por ele amados...”.

Todo Natal repete essa mensagem, mas, meu amigo, minha amiga, o ódio é surdo; o preconceito, sorrateiro; o feminicídio, atroz; o poder, sedutor e egoísta, a intolerância, devastadora, letal.

Aberto o dique da iniquidade, tudo pode acontecer: ódio e radicalismos afloram. Reacendida a chama do amor, o Natal repete, todo ano, insistentemente: “Paz na terra!”...

Não é de hoje que o ser humano sonha com a paz. O profeta Isaías sonhou com o lobo e o cordeiro comendo juntos. Deixou claro, no entanto, que a paz é produto, efeito, resultado. “Opus Justitiae Pax”. A paz é obra da justiça, cujo exercício imparcial contribui para que todos sejam efetivamente iguais perante a lei. Viver em paz, na terra, consigo mesmo, com o próximo e com as instituições é atender ao anúncio natalino. Vale a pena anunciar mais uma vez, neste Natal, mesmo sem encontros presenciais:

“Paz e bem!”.

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