Duas possíveis saídas para o Hospital Público Regional

 

Vice-prefeito fala de gestão compartilhada e federalização; empresa demonstrou interesse 

 

Ricardo Welbert 

 

Gestão compartilhada entre Município, Estado e União ou federalização. Essas são duas possíveis soluções para Hospital Público Regional (HPR) em Divinópolis, cujas obras começaram há sete anos e estão paradas desde 2016. As hipóteses foram citadas pelo vice-prefeito Rinaldo Valério (PV), que acredita mais na segunda. Para ele, transformar o elefante branco construído e abandonado pelo Governo de Minas em um hospital universitário federal é o ideal.  

Tendo que lidar com uma crise financeira gerada pelo atraso do Estado no pagamento de 13 parcelas de R$ 125 mil e que já afeta o atendimento aos pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Valério afirma que a Prefeitura não tem condições de investir recursos na continuidade das obras.  

— A crise gerada pelas dívidas do Estado está tão grandes que nós paramos até de falar em HPR. Não vamos nem tocar no assunto, porque precisamos continuar investindo e repassando recursos à UPA e ao Hospital São João de Deus enquanto cobramos a dívida do Estado com o Município, que soma R$ 44 milhões – disse o vice-prefeito.  

O HPR é uma obra do Estado. Ainda de acordo com Valério, o governador Fernando Pimentel (PT) ainda precisa investir de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões para deixar a estrutura minimamente usável. Em entrevista recente, ele disse que isso não é prioridade. Com um Estado que não fornece previsão de quando vai resolver o problema, duas opções permeiam o imaginário do governo local.  

 Gestão compartilhada  

A primeira é articular para que Município, Estado e União assinem um compromisso para, juntos, terminar de construir, inaugurar e fazer funcionar o HPR. Mas, considerando o que vê como “descaso por parte do governador” e incerteza por parte de Brasília, essa é uma hipótese que o vice-prefeito praticamente descarta.  

 

Federalização 

 

Para Valério, o mais viável seria que o governo federal terminasse a obra sozinho e transformasse o HPR em um hospital universitário capaz de oferecer experiência a estudantes de medicina de várias cidades da região.  

— Uma possibilidade interessante seria doarmos a estrutura construída à Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). A administração ficaria a cargo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), especializada nesse tipo de hospital. Durante ida a Brasília eu conversei com o diretor dessa empresa. Ele viu a planta do HPR e adorou o projeto. Disse que a empresa tem 16 hospitais na fila de espera para serem assumidos por eles, mas a preferência é pelo nosso — disse o vice-prefeito.  

O único problema é que a empresa, segundo Valério, não aceita receber a responsabilidade pela administração sem que a obra esteja concluída. Para terminar o serviço e abrir as portas a essa possibilidade de gestão, o governo municipal articula parcerias que, diz, ainda não pode detalhar.  

Elefante branco  

Uma placa instalada em frente à obra do HPR informa um custo total de R$ 47,8 milhões. A Prefeitura afirma que já foram investidos cerca de R$ 60 milhões e que o projeto total prevê gastos de R$ 90 milhões (53,1% a mais). O anúncio também promete a execução da obra em 24 meses. Sete anos depois, já se foram 84 meses. 

Por fim, é informado a quem passa perto da obra que 500 mil pessoas serão beneficiadas pelo Hospital Público Regional. A construção está parada desde o ano passado, quando terminou o contrato com a empresa Marco XX. 

O Município doou o terreno e providenciou o acesso ao local. Já o dinheiro usado na construção veio do Governo de Minas. 

— Faltam, então, cerca de R$ 30 milhões para conclusão das obras. Desse total, R$ 16 milhões estão conveniados com o Estado, mas o dinheiro não foi enviado. O restante ainda precisa ser lastreado — informa a Prefeitura.  

 

 

 

 

 

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