Dor nas costas foi a doença que mais afastou em 2017

 

 

Gisele Souto

 Muito tempo sentado de forma errada. É a chamada má postura. Mas não somente isso. Excesso de peso, o colchão e até má alimentação. São fatores apontados como principais responsáveis pelas dores nas costas.  São hábitos que costumam castigar a coluna e trazer consequências futuras graves. Além disso, a cada ano, afasta mais trabalhadores de suas funções. Dados publicados pelo Instituto de Seguridade Social (INSS) no último dia 8 revelam um dado preocupante. Em 2017, a dorsalgia (nome técnico para dor nas costas) foi a doença que mais afastou trabalhadores dos postos de trabalho. Foram 83,8 mil casos no país.

Nos últimos dez anos, a enfermidade tem liderado a lista de doenças mais frequentes entre os auxílios-doença concedidos pelo órgão. Em segundo lugar, está fratura de perna, incluindo tornozelo, com 79,5 mil casos, seguida por fratura ao nível do punho e da mão, com registro de 60,3 mil casos.

 Causas 

Atendendo em uma clínica especialista neste tipo de dor há cerca de cinco anos, o fisioterapeuta Fernando Mendes revela que hábitos incorretos de postura, seja em casa, trabalho ou lazer, podem acarretar em malefícios à coluna. Ele destaca ainda sedentarismo, obesidade, fumo, além de fatores genéticos e emocionais.

– Uma grande parcela da população nos dias de hoje convive com dor lombar, resultado de tudo que citei somado a outros fatores, como a execução errada de exercícios. É preciso evitar tudo isso para prevenir os males ligados à coluna – completa.

 Tratamento 

O profissional recomenda pilates e RPG para tentar prevenir novas crises de dor. Já para os pacientes com forte dor aguda, ele indica a fisioterapia ortopédica.

– Todas as abordagens são corretas, desde que feitas de forma criteriosa, respeitando a individualidade de cada um e de sua atividade e, principalmente, de forma ética, indicando o profissional ideal para cada momento – enfatiza.

Transtornos da mente 

Numa era que se exige cada vez mais pressa, correria, acúmulo de trabalho e, como resultado, poucas horas de sono, os transtornos mentais acometem cada dia mais pessoas de diversas faixas etárias. Assim, estes transtornos também têm afastado muitos trabalhadores. Os episódios depressivos, por exemplo, geraram 43,3 mil auxílios-doença em 2017 – foi a 10ª doença com mais afastamentos. Mesma posição de 2016. Enfermidades classificadas como outros transtornos ansiosos também apareceram entre as que mais afastaram em 2017 (15ª posição). Foram 28,9 mil casos. O transtorno depressivo recorrente apareceu na 21ª posição entre as doenças que mais tiraram trabalhadores dos seus postos. Foram 20,7 mil auxílios.

O psiquiatra Giuliano Queiroz explica que a ansiedade e a depressão são iguais a gastrite, por exemplo, as pessoas têm pré-disposição.

– Se a gente come pouca pimenta, a gastrite não aparece; se come muito, ela vem. Então, pré-disposição para estas duas doenças sempre existiu. Porém, a vida antigamente não tinha tanto estresse, correria e preocupações. Por isso, esta pré-disposição não se manifestava, assim elas acometem mais pessoas atualmente do que no passado – explica.

O médico revela ainda que o tratamento dessas doenças é com medicamento e psicoterapia, além de ser necessário um repouso para o emocional.

– Se eu estiver tratando dessas doenças, eu preciso evitar estresse, evitando problemas. Se necessário, uma licença médica até que o remédio faça efeito e se fortaleça emocionalmente. Se a pessoa sofrer desgastes emocionais, como cobranças, produção rápido, enquanto ela sofre com isso, o remédio não faz efeito – completa.

O que diz o INSS 

O gerente-executivo da INSS em Divinópolis, Pacífico Lucas Pereira, revelou que o órgão vem desenvolvendo iniciativas para reduzir acidentes e doenças do trabalho e melhorar a gestão do retorno ao trabalho de profissionais afastados por acidentes e doenças laborais. Lembra que é um dado preocupante a maior predominância de auxílio-doença por problemas mentais entre os segurados na zona urbana.

 

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