Domingos e Jaime decidem sobre futuro de Temer

Deputados federais pelo PSDB e PSD buscam definição sobre denúncia

Ricardo Welbert

Para que a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva tenha seguimento no Supremo Tribunal Federal (STF), a Câmara precisa autorizar. Lá o caso é submetido primeiro à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde um parecer a favor ou contra a admissibilidade da denúncia é elaborado e votado. Independe do resultado na CCJ, a denúncia segue para o plenário da Câmara, onde é necessário o mínimo de 342 votos para que o Supremo possa julgar a acusação formal contra o presidente. Procurados ontem pelo Agora, Domingos Sávio (PSDB) e Jaime Martins (PSD).

O primeiro fez questão de começar esclarecendo sobre uma fala atribuída a ele no jornal “Folha de S.Paulo” na qual ele afirma que aguardaria o posicionamento da defesa de Temer, por considerar que todo cidadão têm direito a defesa.

— Portanto, não achava justo me manifestar condenando alguém sem primeiro conhecer sua defesa. O repórter insistiu com a pergunta: "E se você tivesse que votar hoje?" Eu respondi que não votaria por aceitar a denúncia, pois isto significaria automaticamente afastar o presidente e isso não deveria ocorrer sem o direito de defesa. Além do mais, votar contra a abertura de processo contra Temer agora não significa deixar de investigá-lo ou de processá-lo e muito menos significa absolvê-lo — disse.

Ainda pela ótica de Domingos, se o Congresso não autorizar o processo agora, apenas suspende a ação. O presidente continuará o mandato, mas não fica livre das investigações e da denúncia e terá de responder o processo criminal quando terminar o mandato.

— Deixei claro, embora o jornal não tenha publicado, que estou analisando meu voto com muita responsabilidade, pensando no Brasil e, portanto, posso mudar ou formar minha opinião definitiva até o momento da votação que deverá ser, provavelmente, daqui algumas semanas — declarou.

O Agora passou parte da tarde e da noite de ontem tentando obter uma resposta de Jaime Martins sobre a questão. Durante vários telefonemas, a assessoria informava que ele estava em reunião e que em breve haveria retorno. Às 20h10 a equipe do parlamentar informou que ele, que estava em casa em Divinópolis, foi chamado pelo partido para uma reunião de emergência em Brasília e precisou sair às pressas para pegar um voo às 22h.

Nessa reunião em Brasília, cujos dia e horário não foram informados, Jaime Martins conversará com colegas da sigla antes de chegar a uma decisão final sobre a decisão na hora do voto. Porém, no “Placar da denúncia contra Temer” publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo”, o deputado aparece na lista dos favoráveis à admissibilidade da denúncia. A assessoria dele não confirma e nem invalida essa informação. 

Pesquisa 

A dois dias da votação, pesquisa feita pela Ibope Inteligência mostra que 81% dos eleitores defendem que os deputados aceitem a denúncia e o peemedebista se torne réu por corrupção no STF.

A pesquisa revela ainda que 79% dos eleitores acreditam que deputados que votam contra a denúncia de Temer são "cúmplices de corrupção" e 73% concordam que esses parlamentares não deveriam ser reeleitos em 2018.

— Votar a favor de Temer agora é suicídio político — Diego Casares, coordenador de campanhas da Avaaz, que encomendou a pesquisa. A entidade é um movimento global que luta pelo fim da corrupção e, segundo informações enviadas à imprensa, tem oito milhões de membros no Brasil e 44 milhões em todo o mundo.

 

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