Dois anos sem casos de sarampo

 

Matheus Augusto

Uma doença, supostamente abafada, voltou a causar preocupação em determinadas regiões do país. Em São Paulo, estado mais afetado até o momento, o números de casos confirmados de sarampo chegou a 384. No entanto, em Divinópolis não há motivos para preocupação. Segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), a cidade não teve ocorrências registradas nem neste nem no ano passado.

Transmissão

Um dos principais agravantes do sarampo é a facilidade de contágio.  Segundo o pediatra do Instituto Nacional de Saúde da Mulher e da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Márcio Nehab, quem não se vacina coloca em risco os grupos que não podem se imunizar.

— O sarampo é grave, com risco de complicações e morte, sendo a doença com maior transmissibilidade conhecida. Uma pessoa em ambiente fechado pode passar para todos os presentes não imunes. Além disso, menores de seis meses, pessoas com problemas de imunidade, grávidas e pacientes com câncer não podem tomar a vacina, e se tiverem contato com alguém doente podem morrer ou ter sequelas — afirma o pediatra.

A Fiocruz destaca que a transmissão da doença é direta entre as pessoas, podendo ser passada pode tosse, espirro e até mesmo respiração ou fala.

— Além de secreções respiratórias ou da boca, é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados, como escolas e clínicas — explica.

Os principais grupos de riscos são pessoas entre seis meses e 39 anos.

Vacina

A boa notícia é que a imunização na cidade não dá motivos para preocupação. O mais recente levantamento da secretaria, feito no ano passado, aponta quase 100% de cobertura vacinal na cidade.

— O monitoramento de cobertura vacinal para sarampo realizado no segundo semestre de 2018, no qual foi avaliada, casa a casa, a caderneta de vacinação de crianças de um ano a quatro anos, 11 meses e 29 dias mostrou uma cobertura vacinal média de 99,8% dessa população — informou.

Apesar do bom índice, a vacina contra a doença ainda encontra-se disponível na cidade para o público alvo que ainda não se imunizou.

— A vacina Tríplice Viral está disponível nas unidades básicas de saúde para pessoas de um ano a 49 anos, 11 meses e 29 dias, e profissionais da saúde, independente da idade, conforme Calendário Nacional de Vacinação vigente — informou a Semusa.

Conforme o pediatra Márcio Nehab, para uma imunização completa contra o sarampo, é necessário tomar duas doses da vacina a partir dos 12 meses de vida. É preciso ainda, segundo ele, um intervalo mínimo de um mês entre cada dose.

Cuidados

A secretaria recomenda aos cidadãos que, uma vez apresentados os sintomas da doença, procurem uma unidade de saúde.

— Todo paciente que, independente da situação vacinal, apresentar febre e exantema (manchas avermelhadas na pele) acompanhado de um ou mais dos sintomas tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite deve procurar imediatamente o serviço de saúde de sua escolha para avaliação profissional — ressalta a Semusa.

Preocupação

O alerta emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em novembro de 2018 pode ser visto no Brasil neste ano. Na oportunidade, a entidade anunciou que os casos de sarampo estavam aumentando em todo o mundo, quase dobrando de um ano para outro.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apenas em 2018, o Brasil registrou 10.326 casos. Assim, com o surgimento de novas ocorrências endêmicos da doença, o país perdeu a certificação de país livre do sarampo, fornecido pela OMS.

Mito

A Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, esclarece que, em momentos de apreensão como esse, é fundamental ter cuidados com notícias falsas. Segundo a instituição, um dos principais mitos é de que a vacina estaria ligada a casos de sarampo. No entanto, tal informação não procede e ainda prejudica o tratamento das pessoas, uma vez que o único tratamento é a vacinação.

— Um dos maiores mitos propagados é que essa imunização pode provocar autismo, sendo que (...) o maior estudo já feito comprova o contrário. Portanto, em relação ao sarampo, no cenário atual de surtos, é muito importante evitar a propagação de rumores e histórias da vacinação, pois não existe comprovação científica da associação com outras doenças ou transtornos — explica a Fiocruz.

 

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