Divinopolitanos têm rotina afetada por sequelas da covid-19

Cansaço e falta de ar são os principais sintomas; infecções e paralisias também são registradas

Bruno Bueno

Vencer a covid-19 é, com toda certeza, um dos maiores motivos de felicidade nos últimos tempos. Nas redes sociais, vídeos mostrando a alta de pacientes que ficaram internados por um longo tempo viralizam e rendem inúmeros comentários positivos. No entanto, na maioria das vezes, a luta não acaba por aí. 

Conforme pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e divulgada nesta semana, pelo menos 60% dos pacientes que tiveram covid-19 no ano passado estão com sequelas e lutam diariamente para vencer as consequências da doença que já matou mais de 584 mil brasileiros. A pesquisa acompanhou 750 pacientes que ficaram internados no primeiro semestre de 2020.

Cansaço e falta de ar

Lucimara Marcelino, 49, sentiu na pele as consequências da doença. A mulher relata que, mesmo oito meses depois de sair do hospital, ainda sente muito cansaço e falta de ar. 

— Tenho muito cansaço. A todo momento, sinto que acabei de correr por um longo período. Depois da covid, tenho que tossir toda hora. Também sinto falta de ar. Quando tive covid, só perdi o paladar e o olfato, mas tenho medo de estar com alguma coisa no pulmão — afirma.

Marcia Garnica, 48, desenvolveu sequelas piores. Após contrair a doença, ela teve uma infecção na medula e perdeu os movimentos das pernas. Agora, ela frequenta sessões de fisioterapia para recuperar o que perdeu com o vírus.

— Eu contraí a doença em maio deste ano. Fiquei internada e, após sair do hospital, descobri que desenvolvi uma forte infecção na medula que resultou em uma paralisia bilateral dos membros inferiores. Faço fisioterapia três vezes por semana para recuperar os movimentos — disse.

Outras sequelas

Leandro Fernandes do Carmo, 39, também desenvolveu sequelas consideráveis depois da doença. Conforme o representante comercial, ele precisou tomar medicamentos para não desenvolver quadros de trombose e embolia.

— Eu manifestei a doença na primeira semana de maio. Precisei ser internado e fiquei com 40% do pulmão comprometido. Meus principais sintomas quando saí foram gripe e cansaço. Também precisei tomar medicamentos para inibir o risco de uma possível trombose e embolia — relata.

À reportagem, Leandro também contou os detalhes de seu processo de reabilitação. Ele relata que, após sessões de fisioterapia, já conseguiu voltar ao trabalho e à prática de atividades físicas. Mesmo assim, ele ainda apresenta alguns sintomas. 

— Me afastei do trabalho para realizar o acompanhamento fisioterapêutico. 30 dias após a covid, ainda tremia e suava muito. Com a reabilitação, hoje sou um homem bem melhor. Faz um mês que voltei ao trabalho e às atividades físicas. Às vezes ainda sinto um pouco de cansaço. Mesmo sem o vírus, mantenho os cuidados, porque essa doença não é brincadeira — explica.

Reabilitação

O trabalho de reabilitação é essencial para a recuperação das funções perdidas com a doença. O fisioterapeuta e coordenador do centro de reabilitação do Divinópolis Clube, Marcus Vinícius de Oliveira, explica como o vírus interfere no organismo e causa sequelas nas pessoas.

— O pós-covid causa muitas sequelas respiratórias e motoras. Alguns pacientes ficam com dificuldades e não conseguem executar com clareza atividades básicas do dia a dia, como caminhar. Também sentem falta de ar e outros sintomas. Nós trabalhamos para fortalecer o pulmão, a área cardiorrespiratória e a musculatura — ressalta.

O profissional também conta com aparelhos que ajudam no processo de reabilitação. Equipamentos e sessões de fisioterapia aquática também ajudam na recuperação dos pacientes.

— Temos aparelhos que utilizamos para aumentar a capacidade do músculo do abdômen, melhorando, assim, a respiração. Outros equipamentos também aprimoram a musculatura das pernas, braços, parte cardíaca e pulmonar. Além dos centros de reabilitação, trabalhamos com a fisioterapia aquática, onde conseguimos condicionar a parte respiratória e muscular — afirma.






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