Divinópolis

João Carlos Ramos

Divinópolis

Divinópolis significa terra do divino e sempre fez jus ao seu glorioso nome. Nascida às margens do rio Itapecerica, desde os primórdios saciou inúmeros forasteiros, além de sua população local. Elevada à categoria de cidade na data de 1º de junho de 1912, recebeu os auspícios da quarta casa zodiacal, câncer. Segundo a astrologia hermética, câncer é o oposto/complementar de capricórnio (casa 10) e, sendo assim, possui a nobre missão de ignorar paradigmas, energizando a todos, indistintamente, com sua energia maternal. Meu saudoso pai, José Ramos de Araújo (falecido em 1990), então residente no município de Ladainha, Vale do Jequitinhonha mineiro, era funcionário da extinta Estrada de Ferro Bahia e Minas. No ano de 1966, o governo federal propôs a transferência de todos os funcionários da oficina daquela referida cidade para outras regiões em todo o território nacional. Chamando a atenção pelo seu sagrado nome, meus pais unanimemente escolheram Divinópolis para morar. As oficinas da Rede, naquela época, já eram famosas em toda a América Latina. Quero destacar que nós viemos de trem, o grande glamour da época. 

Tinha apenas 10 anos de idade ao pisar no solo sagrado de nossa querida Divinópolis e confesso que, ao sair da estação, tive os sentidos ligeiramente arrebatados para contemplar o grande município que hoje tanto nos orgulha. Abrindo um parênteses, quero citar o poeta norte-americano Edward Estlin Cummings (1984-1982): "...Carrego o grande segredo que ninguém sabe. Aqui está a raiz da raiz. O broto do broto e o céu do céu de uma árvore chamada vida que cresce mais que a alma pode esperar ou a mente pode esconder e esse é o prodígio que mantém as estrelas a distância. Eu carrego seu coração comigo. Eu o carrego no meu coração”. Assim também posso me sentir em relação ao município de Divinópolis. Com a neve dos anos caindo em meus cabelos, convido os idosos para a jornada de meu amor e aos jovens que venham ingressar nas fileiras da gratidão. Apesar de não vermos concretizar todos os nossos ideais, lembremos da história e dos grandes mestres que a escreveram. Pedro X. Gontijo, por exemplo, foi um homem acima de seu tempo e deixou marcas indeléveis na areia do tempo. Outros inúmeros benfeitores sonharam com esse momento de gratidão por Divinópolis. Honrosamente, possuímos a Academia Divinopolitana de Letras, guardiã da cultura local e a Biblioteca Pública Municipal Ataliba Lago, com seu raro acervo, composto de milhares de livros para servir aos munícipes. Também podemos citar a famosíssima escritora Adélia Prado, GTO, Petrônio Bax, Túlio Mourão etc. Divinópolis é maravilhosa. O hino municipal bem diz: "...Cidade esperança, tu sonhas e anseias por um lindo futuro de veraz grandeza em que colhas tudo o que hoje semeia, com os olhos em alvo na tua realeza...".

Amemos Divinópolis como Camões amou Portugal. Esqueçamos aquilo que não deu certo...

Apesar das consequências funestas desse período pandêmico, tudo é belo nessas paragens, mesmo sendo marcadas com o ferro quente da saudade. Feliz aniversário, Divinópolis! Que a posteridade celebre outros seus 109 anos!

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