Divinópolis registra dois casos suspeitos de zika

Da Redação

O mosquito Aedes aegypti continua sendo uma das principais preocupações na Saúde. Segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Divinópolis registrou dois pacientes com suspeitas de terem contraído, em março, o zika vírus. Esses são os primeiros casos prováveis da doença neste ano, de um total de 319 em Minas Gerais. Em 2018, houve apenas uma única confirmação em Divinópolis. 

A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pela dengue e chikungunya. Segundo a SES, apesar do número baixo, gestantes precisam ficar atentas.

— Os registros de zika vírus não são alarmantes e a incidência é baixa devido à relação populacional. Além disso, no ponto de vista clínico, a zika é uma infecção mais branda se relacionada às outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Porém, já foi confirmada a relação da doença com problemas de microcefalia em fetos, o que demanda maior atenção para a circulação do vírus na cidade — informa a Secretaria.

Justiça

Os agentes de saúde deram início ontem, e retomam amanhã, a visita em 11 imóveis que tiveram a autorização da Justiça, através de mandados, para entrada e fiscalização. Na primeira propriedade visitada pelos profissionais, no bairro Santo Antônio, foram recolhidos dez mil quilos de lixo, entre cestos, caixas, brinquedos, latas e garrafas. A Prefeitura informou que cerca de dois mil quilos dos materiais encontrados eram recicláveis e estavam dispostos em espaços irregulares.

Segundo informou ainda a Prefeitura, os proprietários se recusaram a cumprir as notificações emitidas previamente para a regularização sanitária dos locais. Com isso, o poder judiciário foi acionado para permitir a vistoria dos locais em busca de possíveis focos do Aedes.

— Antes de pedir à Justiça a autorização para entrar nos imóveis para retirar o material, o agente de saúde visita o local e conversa com o proprietário. Como o lugar continuou da mesma forma, o dono do imóvel foi notificado. A providência também não resolveu, e três multas foram aplicadas. O proprietário não pagou a multa, e o material continuou no local — explicou o Executivo.

Para o supervisor-geral de Endemias, Francis Dantas Souza, o acúmulo de entulho era um ambiente próspero para a proliferação de focos.

— Não tivemos alternativa. Toda a vizinhança estava correndo risco. Os reciclados estavam em espaço que acumulava água e muito lixo em todo o quintal. Por isso, essa providência extrema dos mandados — destacou o supervisor.

Em entrevista coletiva no fim de janeiro, essa possibilidade já havia sido alertada pelo secretário  municipal de Saúde, Amarildo Sousa. Na oportunidade, ele afirmou que o “uso de força policial” era uma alternativa, caso o proprietário impedisse a entrada dos agentes de saúde para a vistoria do imóvel. Durante a entrevista, foi anunciada também uma série de medidas a fim de intensificar o combate ao Aedes. As medidas envolvem, dentre outras, mutirões de limpeza, aplicação de fumacê e a antecipação do “Dia D” contra a dengue.

Dengue

O principal alarmante, até o momento, são os números de casos de dengue. Apesar do clima no início do ano propiciar um aumento nas notificações em relação aos outros meses do ano, em 2019, o cenário é similar a anos endêmicos, porém com menor intensidade. Divinópolis registrou, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela SES no dia 1°, 373 suspeitas de dengue, sendo 138 confirmados. Ou seja, quase o dobro de ocorrências do ano passado, quando foram contabilizados 77 pacientes com dengue. De acordo com o boletim, o número de casos neste ano já é 435% maior do que em todo o ano passado.

— Quanto à dengue, Divinópolis possui risco iminente de epidemia visto que a incidência já evoluiu para média — informa a SES.

No fim de janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) destacou a importância da atenção dos moradores para evitar a proliferação de focos. Com o relatório do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), comprovou-se que 90% dos focos da dengue foram encontrados dentro de residências, e o restante em lotes vagos. Ou seja, o descuido por parte dos moradores tem formado, juntamente com o clima neste início do ano, um ambiente propício para o desenvolvimento do mosquito, transmissor da dengue, da zika e da chikungunya. Sem os devidos cuidados básicos, como colocar a boca da garrafa para baixo e evitar o acúmulo de água em recipientes e vasos, o mosquito acaba tendo um local ideal para o desenvolvimento.

Nos últimos 11 mutirões promovidos pela Semusa, foram recolhidos cerca de 70,5 mil quilos (sendo oito mil apenas no último), entre garrafas, pneus e outro materiais passíveis de focos do mosquito Aedes. Os bairros a receberem a ação neste mês já foram definidos.

— Em 6 abril, ocorrerão mutirões no Planalto, Tietê, Santa Luzia e Duphe Pinto de Aguiar. Já no dia 13, os bairros beneficiados serão São Roque, Sion e Jardim Betânia, e, em 27 de abril, Santo Antônio dos Campos, Santa Cruz e Primavera — informou a Prefeitura. 

 

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