Divinópolis passa a oferecer pelo SUS tratamento inovador para lesão de varizes

 

Gisele Souto 

Divinópolis passou a ser, a partir de ontem, a primeira cidade no Estado a disponibilizar pela rede pública de saúde uma intervenção inovadora – principalmente para as mulheres. É o tratamento esclerosante não estético de varizes por meio de espuma. 

O procedimento consiste em tratar problemas sérios de varizes de mulheres que esperam meses ou até anos para conseguirem se livrar das intensas dores e queimação nas pernas. Não só isso, mas há riscos ainda mais graves caso as doenças não sejam tratadas.

A iniciativa é da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), que aderiu à portaria do Governo Federal que autoriza e disponibiliza verbas para os médicos cirurgiões vasculares realizarem o procedimento.

 O atendimento 

Estão à frente da empreitada os cirurgiões Carlos Rachid e Marco Aurélio Tanos. Eles receberam o convite da Semusa e há um ano começaram a traçar o projeto.

Segundo Carlos Rachid, um levantamento feito por eles mostrou que mais de três mil pessoas têm a necessidade direta de fazer esse tipo de tratamento. O médico explica que a demanda reprimida era muito grande e a proposta veio para tentar desafogar a demanda.

— Muitos pacientes têm úlceras e lesões nas pernas e evolução crônica que não cicatriza. A meta é exatamente tratar este tipo de paciente, trazendo mais conforto e uma qualidade de vida melhor — explica Carlos Rachid.

Marco Aurélio ratifica que a demanda é gigantesca e ressalta que existem muitas pessoas sofrendo em casa com varizes e feridas, totalmente desamparadas.

— Nossa proposta é assisti-las — completa.

 Primeiro dia 

Os pacientes são encaminhados pelos postos de saúde e os atendimentos são agendados na Policlínica. Ontem, no primeiro dia, 20 pessoas estavam à espera de, finalmente, poderem iniciar o tratamento.

São os casos de duas moradoras do Niterói. Maria Lúcia de Morais, 65 anos, estava há três anos na fila. Mais uma vez achou que iria para Belo Horizonte, como em vezes anteriores, para tratar de um enxerto que fez há 18 anos.

No início do ano 2000, sofreu um grave acidente em uma máquina de tecelagem, sofrendo uma úlcera varicose. Como esperou muito, está com inflamação no local. Agora tem esperança de que vai cuidar da ferida sem precisar ir à capital mineira.

Lenir Maria Fonseca, também 65 anos, diz que aguarda desde 2015, mas sofre com varizes e má circulação sanguínea há anos. Na cadeira, esperando ser chamada, disse que esperaria até o dia todo, se preciso fosse.   

O atendimento ocorre uma vez por semana e todos os pacientes são encaminhados pelas unidades de saúde do município. A meta é manter 20 pessoas.

 Ampliar 

Os médicos afirmam ainda que o objetivo é ampliar este atendimento, estendendo-o para pessoas que sofrem com lesões vasculares mais graves, oriundas de diabetes, por exemplo. A ideia deles é ter um ambulatório completo, mas isso vai levar tempo.

— Primeiro, precisamos estruturar esta primeira etapa. Porém, já pensando em atender a esse tipo de paciente mais grave, futuramente — arrematam.

 

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