Divinópolis deve perder ‘Vagão Literário’ para Carmo do Cajuru

 

Gisele Souto

Em pronunciamento ontem à tarde na reunião da Câmara, o vereador Cleitinho (PPS) relatou a existência de um ofício já assinado, doando o “Vagão Literário” para a cidade vizinha de Carmo do Cajuru. A alegação, segundo ele, é de que não há recursos suficientes para continuar bancando o projeto. Disse se tratar de um absurdo e que a população e a imprensa deveriam cobrar da Secretaria de Cultura um posicionamento sobre o assunto. Outro vereador que usou parte do seu tempo para destacar o assunto foi Eduardo Print Jr. (SDD). Ele também cobrou explicações da Prefeitura, citando o nome do secretário de Cultura, Osvaldo André. Além disso, criticou a possível perda do vagão e cobrou providências.

Responsabilidade

A prefeitura informou à reportagem que foi somente parceira do projeto, junto com o Grupo de Educação Ética e Cidadania (Geec) e VLI. Disse ainda que o grupo ficou responsável por gerenciar a iniciativa. Informação que foi confirmada pelo presidente do GEEC, Jomar Teodoro Gontijo. Ele revelou que o vagão está fechado desde fevereiro de 2017 e, há um ano, é usado apenas por moradores de rua que passam as noites debaixo dele. Jomar confirmou também a possibilidade de o vagão ser passado para a Prefeitura de Carmo do Cajuru.

— Encaminhei um ofício para o secretário de Cultura, Osvaldo André, questionando se há interesse na continuidade do projeto; se não [houvesse interesse], iria repassar o vagão para o prefeito Edson Vilela (PSB), de Cajuru, que tem o interesse de transformá-lo em um teatro público, tendo em vista que a cidade não dispõe do benefício — explica.

Jomar continua explicando que o secretário respondeu informando que não havia interesse na continuidade do projeto nem de mudá-lo de lugar. Então, disse que tomou a decisão de pedir para que o prefeito Galileu Machado (MDB) se manifeste.

— Ele é a autoridade maior na cidade; se a resposta for a mesma do secretário, vou passar o vagão para Cajuru — resume.

A resposta

Também por meio de ofício ao presidente do GEEC, Jomar Gontijo, o secretário de Cultura apresentou a seguinte explicação:

— Lamentavelmente, em que pese a importância do projeto “Vagão Literário”, reafirmada em reunião, ocorrida na Secretaria Municipal de Cultura (Semc), realizada no dia 29 de janeiro com a sua presença e dr. Elesbão, temos a esclarecer: O orçamento da Semc, não suporta as despesas de transporte, de finalização e de manutenção do referido projeto, para ocupar outro espaço, uma vez que já se concluiu sobre a inviabilidade de a praça Candidés abrigar tal iniciativa. Assim, desejamos que Carmo do Cajuru acolha com carinho o vagão e sua proposta principal, que mobiliza a população, para troca de livros, precioso instrumento formador de leitores.

Alternativa

Durante a reunião da Câmara, o pastor e presidente do Ministério Quero Viver e projeto “Quero Viver”, Wilson Botelho, enviou uma mensagem via celular para Edson Sousa (MDB) afirmando que tem interesse em tocar o projeto. O recado do pastor foi passado pelo parlamentar ainda ao longo da reunião.

O projeto

A inauguração oficial do novo espaço com “pompa” na gestão Vladimir Azevedo (PSDB) foi no dia 11 de dezembro de 2016. A ideia não se limitava ao empréstimo de livros. Era também um lugar para a leitura com bancos e mesas, servindo de extensão do Centro Cultural do Livro de Divinópolis. O objetivo era fazer do vagão e da praça Candidés, onde ele está instalado, locais para desenvolvimento de outros projetos já realizados em parceria entre a Secretaria de Cultura e o Geec, como contação de histórias, oficinas de grafite e o programa “Livro, Leve e Solto”, de compartilhamento de livros.

 

 

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