Divinópolis começa 2021 na onda vermelha

Governo de Minas regrediu região Oeste devido ao aumento de casos

Matheus Augusto

A partir deste sábado, 2 de janeiro de 2021, apenas serviços autorizados poderão abrir em Divinópolis. A Prefeitura acatou a recomendação do Comitê Estadual e entrará na onda vermelha.O decreto será publicado no site oficial da Prefeitura (https://www.divinopolis.mg.gov.br/) hoje e no Diário Oficial dos Municípios Mineiros, na segunda-feira, 4.

— A nota oficial da Superintendência Regional de Saúde destaca que o cenário atual da pandemia de covid-19 no estado de Minas Gerais é de alerta, apontando crescimento no número de casos e óbitos pela doença nas últimas semanas — justificou a atual administração.

Conforme divulgado ontem pelo Estado, a região Oeste regrediu para onda vermelha. A classificação da microrregião deve ser publicada na tarde de hoje.

— Isso exige ainda mais cautela em relação às ações de distanciamento social, bem como a necessidade dos municípios agirem de forma alinhada, já que a resposta assistencial segue uma lógica regional — explicou a Prefeitura.

Decreto

Conforme o decreto, está suspenso o atendimento presencial “em estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, especialmente em shopping centers, galerias e estabelecimentos congêneres, salões de beleza, barbearias, clínicas de estética, clubes de serviço, sociais e de lazer, academias de ginástica e estabelecimentos de condicionamento físico, autoescolas, casas noturnas, casas de shows e espetáculos de qualquer natureza, boates, danceterias, salões de dança, bares e similares, casas de festas e eventos, cinemas e teatros, parques de diversão e parques temáticos”.

Também estão proibidos “eventos e atividades com a presença de público, ainda que previamente autorizados, que envolvem aglomeração de pessoas, tais como: eventos desportivos, atividades esportivas, de recreação e lazer, atividades extracurriculares, locação de quadras poliesportivas, shows, feiras, circos, eventos científicos, passeatas e afins, inclusive aqueles em estilo drive thru e drive-in”.

O consumo local em bares, restaurantes, padarias e supermercados está proibido. O decreto ainda retira a permissão para a locação de imóveis e quaisquer tipos de espaços privados, incluindo sítios, para a realização de eventos particulares, independentemente do número de pessoas. 

Podem abrir:

I - saúde: hospitais, clínicas, incluindo veterinárias, farmácias, lavanderias e serviços de limpeza e hotéis;

II - alimentação: supermercados e congêneres, incluindo produtos para animais, padarias, açougues, peixarias e distribuidoras de água mineral, bem como os serviços de entrega (delivery), retirada no balcão (take away) e drive thru de bares e restaurantes;

III - abastecimento: transportadoras, postos de combustíveis e derivados, armazéns, oficinas de veículos automotores e bancas de jornal;

IV - segurança: serviços de segurança privada;

V - comunicação social: meios de comunicação social, inclusive eletrônica, executada por empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

VI - atividades religiosas somente através de reuniões, missas e cultos remotos e virtuais (live-streaming, televisão, rádio, redes sociais etc.), restringindo-se a presença de pessoas, no mesmo ambiente, a, no máximo, 30 pessoas;

VII - telecomunicação e internet;

VIII - lotéricas e bancos;

IX - funerárias.

Dados

A Prefeitura divulgou ontem o último boletim covid-19 do ano, o próximo será apresentado apenas em 4 de janeiro. Segundo as informações, Divinópolis registrou novo recorde de internações, com 124 pacientes em leitos para covid-19 ‒ 69 em leitos de enfermaria e outros 55 internados em CTI (incluindo três crianças) com quadro sintomático da doença. 

A taxa de ocupação dos leitos exclusivos para pacientes com covid-19 está em 60,4% e de pacientes não covid em 82,5%.

A cidade registrou 446 casos suspeitos em 24h e tem 26.894 notificações de coronavírus, no entanto, apenas 21,13% foram testadas ‒ a maioria com resultado positivo: 3.919 confirmadas (3.393 recuperados), 1.631 descartados e 133 em análise. Além das 97 mortes confirmadas, três óbitos estão em investigação.

Mortes

Desde a primeira morte em Divinópolis, em 8 de março, a cada 65 horas uma pessoa perdeu a vida para a doença. Os casos continuam a subir, dia após dia, semana após semana, mês após mês. Conforme os dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), os alertas e a cobrança do respeito às normas de prevenção são justificadas: dezembro é o mês com os piores indicadores. Quase oito mil notificações. Dezoito mortes. Média de 54 pacientes internados em Centros de Terapia Intensiva (CTI) por dia. Em alguns lares, reuniões e festas. Em outros, a dor. Pais, mães, tios, tias, avós. Parentes que se foram após dias em um leito de hospital. Isolados. Em dez meses de pandemia, 97 moradores de Divinópolis se foram sem talvez dar o devido adeus. 

Mês 

Entre agosto, setembro e outubro, as autoridades de saúde comentavam que alguns indicadores apresentavam estabilidade com tendência para queda. A redução serviu para levar Divinópolis à onda verde do programa estadual Minas Consciente. Mesmo neste período, a secretaria alertava: a população deveria manter os cuidados, caso contrário, a situação voltaria a se agravar. 

Com o relaxamento das medidas, a preocupação se tornou realidade: Divinópolis retornou à onda amarela e vive, em dezembro, um dos piores meses desde o início da pandemia, em março.

Dezembro é, atualmente, o mês com o maior número de notificações: 7.332 (média de 253 por dia). Em ordem, segue: novembro (4.074), agosto (3.524), setembro (3.287), julho (2.866), outubro (2.078), abril (830), maio (656) e março (630).

Os casos notificados, porém, podem ser testados ‒ nem todos são ‒ e descartados. Dezembro, porém, continua a liderar a lista, com uma média diária de 46 confirmações e 1.331 ao todo, mais do que o dobro do segundo mês com mais casos confirmados (novembro, com 600). Em ordem decrescente: outubro (439), setembro (425), agosto (397), julho (267), junho (192), abril (83), maio (79) e março (11). 

E o aumento da contaminação também teve como consequência o aumento de mortes. O indicador estava em desaceleração desde agosto, mas, em dezembro, voltou a crescer. Em abril e maio foram registrados um e dois óbitos respectivamente. No mês seguinte, dez; em julho, 11. Em agosto, o pico: 18 vidas perdidas. A queda foi imediata nos meses posteriores: 15, 12 e 10. No último mês do ano, a desagradável surpresa: 18 mortes confirmadas até ontem. 

Internações

Nos hospitais, preocupação. Representantes das unidades em Divinópolis já alertavam no início do mês para o aumento da ocupação dos leitos e o aumento no tempo de internação dos pacientes. Dezembro também lidera em dois indicadores: quantidade média diária de internações no setor de enfermaria e em CTI. Ambos estavam em queda desde setembro, porém alcançaram número recorde. 

Neste mês, a média diária de internações em enfermaria foi de 54 ‒ seis a mais do que agosto e setembro, até então, os pontos mais altos. No CTI, o número foi de 44 ‒ oito a mais que o ápice, em setembro. 

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